Tomas de Aquino
Segundo Tomás de Aquino é a revelação divina que
possibilita formularmos enunciados sobre a condição humana e sobre o mundo em
que vivemos, é por isso que a preocupação inicial do pensamento do filósofo e
teólogo é Deus e posteriormente o homem e o mundo. A filosofia por si só não
consegue esgotar os conhecimentos que podemos ter do mundo e de nós mesmos.
Para que possamos explorar de maneira mais abrangente a compreensão e a
percepção do mundo e dos homens, necessitamos da sacra doutrina revelada por
Deus. A fé aperfeiçoa a condição de entendimento da razão e a razão é o
argumento aceito por todos os homens para esclarecer os assuntos da fé.
Cinco
provas da existência de Deus
Tomás, seguindo argumentações lógicas,
busca provar a existência de Deus através de cinco raciocínios de causa e
conseqüência. O primeiro raciocínio é o da modificação e é o que ele considera
ser o mais evidente. Os nossos sentidos nos mostram que as coisas do mundo
modificam, ora qualquer coisa que modifica é porque sofreu ação de outra coisa.
As coisas não podem ser causa das próprias mudanças, tudo que foi modificado
foi modificado por outra coisa. Se as modificações que ocorrem no mundo foram
ligadas em forma de causa e efeito, deve existir uma causa última que
desencadeou todos os outros movimentos, todas as outras modificações e essa
causa última de todas as modificações é Deus, pois ele é imutável, não se
modifica e é único.
O
segundo raciocínio é o principio causal. As coisas que existem tem
necessariamente que terem sido feitas por algo que seja anterior a ela. O
principio causal de uma pessoa são seus pais e da mesma forma todas as coisas
tem o seu principio causal. Se raciocinarmos seguindo o principio de causa e
efeito e formos buscar no passado a causa de todas as coisas, chegaremos a uma
causa única que causou todas as outras coisas, essa causa única é Deus.
A
existência necessária é o terceiro raciocínio. No mundo encontramos muitas
coisas, ou todas as coisas, que podem ser e podem também não ser, ou ser e
deixar de ser o que são. Uma pessoa é, mas pode deixar de ser. Tomás acreditava
que é impossível que as coisas sejam sempre, um dia o que é deixará de ser. Mas
para que as coisas existam, mesmo que temporariamente, é necessário que exista
algo que exista sempre, esse algo que sempre existiu e sempre existirá é Deus.
O
quarto raciocínio é o dos graus de perfeição. De todas as coisas que existem no
mundo podemos classificá-las em melhores ou piores. Uma casa pode ser melhor
que outra casa que pode ser pior do que uma terceira. Quando seguimos esse
pensamento estamos organizando as coisas conforme seu valor, algumas coisas são
mais ou menos perfeitas que outras. Na sequência, deve haver algo que seja bom,
verdadeiro, virtuoso e perfeito ao máximo grau. A mais elevada perfeição, para
Tomás, é Deus.
O
último dos cinco raciocínios lógicos para provarmos a existência de Deus
segundo Tomás é o raciocínio do finalismo. Muitas coisas que não tem em si
conhecimento de sua finalidade buscam mesmo assim um fim em seus movimentos,
como algumas plantas que tem por finalidade produzir frutos. Como o
conhecimento da finalidade da planta - produzir frutos - não está na planta,
ele deve estar em algum outro ser, e esse ser é Deus.
Tomás
acreditava que o homem é formado por uma natureza racional, uma natureza que
tem a capacidade de conhecer e de escolher livremente e é nessa capacidade de
escolha que está a raiz do mal, que é a ausência do bem. O homem, para iluminar
as suas livres ações em direção do bem, tem à sua disposição a lei eterna, a
lei natural e a lei dos homens, e acima dessas três lei tem ainda a lei divina
que é a lei manifesta por Deus. A lei eterna é o projeto de Deus para todo o
universo. A lei natural, da qual o homem também tem capacidade de conhecimento,
tem por fundamento o fazer o bem e evitar o mal, pois dessa forma ele vai
proteger a sua existência, e isso também é um bem.
A
lei humana nasce da necessidade que o homem tem de viver em sociedade e de
evitar que vivendo socialmente alguns homens cometam o mal, que leva à
destruição da sociedade em que vivem. As leis humanas tem por objetivo
preservar o bem comum. Mas se as leis humanas não respeitarem as lei naturais
ou forem contra as leis divinas, elas deve ser desobedecidas, pois são
injustas.
Tomás
busca incluir em um só conjunto a filosofia e a fé. Para representar a
filosofia ele toma principalmente as obras de Aristóteles, e para representar a
fé ele utiliza as revelações de Deus feita aos homens e da qual a Igreja
Católica é guardiã.
A
finalidade suprema do homem é Deus e a razão é dependente da fé. A essência do
homem, a sua natureza, é composta pelo corpo e pela alma, o corpo também faz
parte da essência do homem, pois ele é o responsável pelas sensações, que não
são percebidas somente pela alma.
Sentenças:
- Somente Cristo é verdadeiro sacerdote, os outros são
seus ministros.
- Você não possui a verdade, mas é a verdade que te
possui.
- Os princípios inatos na razão se demonstram
verdadeiros ao ponto de não ser possível pensar que eles sejam falsos.
- Eu não sou a minha alma.
- Humildade é a virtude que freia no homem o desejo de
se elevar além do que merece.
- Deus é um ato puro e não em potência, ele tem em si
um poder ativo infinito sobre todas as outras coisas.
- A alma se conhece pelos seus atos.
- Justiça sem misericórdia é crueldade.
- O que se recebe se recebe ao modo do recebedor.
- Tema ao homem de um livro só.
- Para quem tem fé a explicação não é necessária. Para
quem não tem fé nenhuma explicação é suficiente.
Tomas de Aquino marca a etapa decisiva na filosofia e na teologia
escolástica. Culmina a obra do seu mestre Alberto Magno. Graças à especulação
tomista, o aristotelismo faz-se flexível e dócil a todas as necessidades da
interpretação dogmática.
Harmonizar a filosofia com a fé, a obra de Aristóteles com as verdades
que Deus revelou ao homem e das quais a igreja é depositaria. Por isso vale os
dois pressupostos:
a) separar claramente
a filosofia da teologia;
b) fixar um critério
que permita ver a disparidade e a separação entre o objeto da filosofia e o da
teologia, do ser das criaturas e de Deus.
Esse sistema tomista ajudará:
a) a determinar as
relações entre razão e fé;
b) a estabelecer a regula fidei;
c) a centrar ao redor
da função da abstração, a capacidade de conhecer do homem;
d) a formular as
“provas” da existência de Deus, como dado a
posteriori da experiência: dos efeitos, da ordem, do nascimento, da
contingencia e da finalidade dos seres,
e) a esclarecer os
dogmas fundamentais da fé.
Distinção real entre ente e essência, a analogia do ser. Os dois
significado do termo ser (ens a se – ens
ab alio), não são idênticos e nem completamente diferentes, pois o ser não
é unívoco e nem equivoco, e sim análogo, o que implica proporções diferentes.
Essa proporção é uma relação de causa e efeito: o ser divino (ens a se) e causa do ser finito (ens ab alio).
- ao Deus alcançado
racionalmente a fé acrescenta os atributos cristãos do Deus pessoa.
- Uso das noções aristotélicas de ato, forma e matéria.
- Função importante da
matéria em relação ao problema da individuação.
- A matéria quantitate signata.
- Ser completo é a união
substancial entre corpo e alma.
- A teoria cristã da
ressurreição da carne.
- O conhecimento tem
inicio nos sentidos.
- Dos sentidos o intelecto
recava um conhecimento superior.
- O universal existe “ante rem”: DEUS, “in re”: COISA e “post rem”: MENTE.
- Toda verdade é adequação
do intelecto ao ser (adaequatio rei
et intellectus).
- A realidade da abstração:
nem mesmo o intelecto agente possui uma existência sua própria que esteja
fora do individuo real.
- Não-ser: oposição
relativa, contrariedade, privação, contradição (logica e metafisica).
- Os transcendentais: uno,
verdadeiro, bom.
- Deus: Ato Puro, Causa
Fina e Causa Eficiente. As 05 vias (Motor Imóvel, Causa Incausada, Ser Necessário, Ser Perfeito, Inteligência Ordenadora.
- Participação: ser ou ter
parcialmente, ato de ser (algo se possui de forma limitada: estática,
porque se recebeu de quem possui em sua plenitude: dinâmica). O principal
elemento constitutivo do ente é o ato de ser, que é uma participação
recebida do Ser por essência (Ipsum
Esse Subsistens).
- Teoria do conhecimento:
o primeiro que se conhece é o ente.
Etapas do conhecimento: Species
sensibilis, species intelligibilis, species impressa, species expressa.
- Antropologia: a alma é a
forma substancial do corpo e, no homem, a alma racional assume, como
potências, as faculdades inferiores, inexistindo, pois, a pluralidade das
formas.
- Ética: recta ratio agibilium – agere sequitur
esse – sindérese.
- Lei eterna, lei natural,
lei positiva, lei divina, justiça (comutativa, distributiva, legal)
OBRAS:
- O
ente e essência: o léxico de metafisica
- Comentário
ao De Trinitate de Boécio: a relação entre filosofia e teologia
- Summa
contra gentes: a busca pela verdade.
- Summa
theologiae: um compêndio da doutrina cristã.
- Unicidade
do intelecto e a eternidade do mundo: cada um pensa por si
mesmo; a criação depois do nada.
QUESTOES:
- Qual o objetivo de são Tomas
ao escrever o De ente et essentia?
- Por que são Tomas
critica o hilemorfismo universal?
- Como se configura a
relação entre fé e conhecimento natural em Tomas de Aquino?
- Qual a contribuição da
filosofia para a ciência divina
segundo São Tomas?
- Por que para são Tomas o
Deus dos filósofos não coincide com o Deus da revelação?
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