Homem sugestionável
O
homem é um ser que se adapta facilmente, o seu desconcerto é somente uma questão
de adaptação, quer no âmbito material, quer no espiritual. Quando se ilude por
si mesmo, esse ser não tenta mais e esquecendo de buscar, cai na monotonia. É verdade
que a alma humana é inquieta, nada satisfaz completamente, mas muitos se
acomodam às próprias conquistas e se esquecem de transcender-se. Esse desejo de ser maios e ter mais levaram os
homens a romperem horizontes e barreiras, levou-os também a romper todos os rótulos
que já quiseram lhes infligir. Não é que o homem precise ser um ser descartado
ou relativista para se aproximar da sua essência de pergunta aberta que o
constitui, mas o fato de ele não ter resposta não significa que seja
imperfeito, mas o que lhe faz ser o que é não passa pela estagnar ou fixo, mas
pelo maleável e movediço. O homem é infeliz porque não aceita o fato que a sua realização
é estar em caminho e não parado num lugar. O dado, o feito, o programado não vale
para o ser homem, pois esse se dignifica mais como peregrino do que como estátua.
Verdade sim que o que recebemos
influencia, e muito, no nosso modo de buscar e querer, mas é certo que também essas
influências não nos determinam e nem definem o que somos. É verdade também que
somos sugestionável, que nos adaptamos e nos acomodamos, até com mais
facilidade que os outros seres, mas existe em nós essa descontinuidade que nos
faz reticente ainda em situações que até então nos parecia bem confortáveis. Esse homem sugestionável significa que a sua
natureza aberta e intranquila não se contenta nunca, a não ser que negue ou
anestesie os seus desejos. Por que somos assim insatisfeitos? O que precisa
para sermos o que queremos ser?