Nômade

Nômade




POR P. JORGE RIBEIRO


Ser itinerante da própria existência, caminhar errante, vagamundo, sem destino e sem moradia fixa, mas no vivente o DNA pede pra ser assim, ser nômade, caminheiro, sem raízes e sem apegos, mas atentos a cada espaço e lugar que se tem perambulado. A vida é um movimento contínuo e sem volta, estrada que se faz sem poder voltar atrás. As pessoas se iludem querendo estabilidade e certezas, mas a própria dinâmica da vida é incerteza e reticências. Programam-se, organizam-se, mas garantia não se tem. Juntam-se tesouros, conhecimentos e histórias, mas no vendaval dos acontecimentos, percebem-se que tudo não passa de areia movediça. Hoje se pensa e se vive dessa maneira, mas num amanhã tudo pode ser diferente, deve-se estar preparado para as mudanças. Quem se ataca a um estilo ou a um padrão acaba por não ter forças e recomeçar, de empreender e de surpreender também. A felicidade não está na monotonia da mesmice, mas na luta diária de viver sempre de modo novo. Pequenas mudanças, diferentes atitudes e novos gestos, isso renova e dinamiza. É preciso alimentar em cada pessoa o espírito de perambulante, afinal, nesse mundo se é peregrino de uma vereda que é desconhecida, o melhor é aproveitar as paisagens da passagem, a jornada pode ser muito longa e se cansar antes da chegada. Para que se agarrar ao tempo, ao espaço, às coisas e até às pessoas? Mais dias ou menos dias todos se vão , vão a algum lugar ou vão definitivamente e se deve refazer os laços. A essência da pessoa é a buscar, querer mais, desejar, por-se em movimento representa essa metáfora da saída continua de si para poder se encontrar e se reconhecer, pois é no encontro com o outro que cada qual confronta e percebe a sua mesma existência. Caminhos infinitos, dentro de si e na relação com o outro, onde a identidade é afirmada e o diálogo se faz possível. Esse mergulho da condição transeunte causa ansiedade e angústia, mas também esperança de completitude e realização. Ter consciência que se é descontínuo e que se precisa sempre do outro para ser o que se pretende ser ajuda a viver a própria condição, não como pilastra, mas como nômade.



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