A vida é uma farsa

Minha vida é uma mentira



Possivelmente, se pararmos pra pensar, o grande ensinamento por trás de quase tudo na vida é a importância de mentir/simular. Star Wars, no fundo, fala sobre aquelas pessoas que conseguem aprender a mentir e aquelas que não conseguem. O ditado que diz que um casamento vale mais que mil mosteiros, em suma, fala sobre o bom senso de duas pessoas que sabem como pode ser gratificante simular com um sorriso no rosto.
Tento aprender (a duras penas) sobre isso desde que, certa feita, o Padawan Juliano começou a insistir na tecla “fake it” pra mim, que defendia a suprema verdade absoluta e contínua como o sublime cotidiano. Enquanto ele dizia isso eu deixava de levar em consideração o dito, falando que ele tava sendo só um gangstamodafoca. Claro, o nível mais sútil raramente é apreendido e se perde na insolência cotidiana. Então, tempos depois, o Last Psychiatrist colocou o tema de maneira mais For Dummies e eu consegui captar:
“Help me, please, I think I’m a narcissist.  What do I do?”
There are a hundred correct answers, yet all of them useless, all of them will fail precisely because you want to hear them.
There’s only one that’s universally effective, I’ve said it before and no one liked it. This is step 1: fake it.
You’ll say: but this isn’t a treatment, this doesn’t make a real change in me, this isn’t going to make me less of a narcissist if I’m faking!
All of those answers are the narcissism talking.  All of those answers miss the point: your treatment isn’t for you, it’s for everyone else.
If you do not understand this, repeat step 1.
Mentir, simular, é a essência de ver e se importar com o outro. E só se importa com o outro quem não é patologicamente imbecil, claro. Por isso, acredito eu, socialmente só existimos por termos essa capacidade incrível de criar ficção que diminui a danação.
E se agora tu te sentou aí no teu cantinho e pensou: HA, eu nem sou um narcisista, beleza, seguirei levando a verdade acima de tudo. Bom, certamente tu é um porco egoísta.
Por outro lado, tu também pode pensar que não precisa mentir, já que quando tu te importa com alguém a verdade é a sempre doce e suave. Além de ser uma mentira imbecil, nós raramente começamos nos importando com os outros logo de cara e o meu ideal é que isso seja universal, saca? O processo que nos leva a criar vínculos é uma longa teia de mentirinhas carinhosas que visam aproximação. De que outra forma tu conseguiria conhecer dobrinhas da alma de alguém, se não por ter passado longos períodos falando frugalidades, imbecilidades e invencionismos com essa pessoa? O romance, a amizade, o carinho, o amor familiar, tudo tem suas bases em pequenas ficções. E a ficção é linda.
Imagina acordar e toda a ficção do mundo ter sumido. How sad. Como delimitar o que é real, pra começar? De toda form, a vida seria bem vazia, eu acho. É como disse Leminski:
podem ficar com a realidade
esse baixo astral
em que tudo entra pelo cano
eu quero viver de verdade
eu fico com o cinema americano
Mas, enfim, acredito que gradações e intenções moldam tudo, incluindo os meandros ficcionais. Então, talvez o melhor jeito de exemplificar o que eu tou falando blablabla é sugerindo que tu veja The Invention of Lying, num mundo sem mentira, todo mundo é amargo, niilista, direto, sem amor e sem afeto. E sem livros. Nem filmes. Nem jogos de palavras. Um mundo asperger.

Pra se pensar ....

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