Qual sentido do sentido?

Qual sentido do sentido?


Varias vezes me perguntei, qual o sentido do sentido? Tem sentido buscar causas para justificar o próprio sentido? Se o sentido é universal e válido para todos não deveria ser pressuposto? O mundo que nos inserimos é pleno de suposição, onde as transferências não desvelam nenhuma identificação. Como lutar por um mundo enxertado de valores e de contra valores? Por um viés se acirra a busca por significados e justificativas e numa vertente paralela, senão conjunta, uma evidenciada opção pela banalidade e pelo relativismo. Como associar sentido à vida como tal quando se presencia uma onda de depredação, hostilidade e descuido da própria existência? Como lidar com os confrontos interpessoais? A relação é uma exigência metafisica ou uma necessidade de sobrevivência? Todos esses sintomas que levam aos embates tem um motivo ou apenas para salvaguardar a própria necessidade? E o que dizer de toda essa pulsão pela vida, instinto e síndrome de autoconservação, não seria um fuga da banalidade que a vida se apresenta? Diante do diferente e de novos parâmetros surge logo conflito, e esse, seria para se auto-afirmar ou escapar da invisibilidade? A concepção e a recepção da vida faz mesmo a diferença, mas um relativista pode deixar de ser relativista? E um fundamentalista pode deixar de ser fundamentalista? Uma realidade tem sentido porque carrega consigo esse significado ou precisa que seja reconhecido? Um valor é intrínseco ou é professado? A vida, a realidade, a pessoa é prenhe de porquês ou somos nós que lhes atribuímos para das uma razão à própria vivência? Tem sentido o que somos ou fazemos ou esse é um modo de suportar a casualidade de tudo e que tudo seja desprovido de objetivo? A incessante necessidade de provas, de verificação são consequências de atos falhos ou atos de afirmação? O medo de que tudo seja desprovido de sentido e de razão não teria nos impulsionado o fomentar conceitos e atribuir consistência às coisas? E se a vida não passa de uma brincadeira ou de uma ilusão, qual o sentido de dar sentido? Para sermos mais seguros? A verdade não se impõe ou ela precisa ser sempre reafirmada? Não basta vivenciar os momentos com sua intensidade e integralidade e se comunicar com veracidade com a realidade ou é preciso estar dando peso, valor e significado a tudo? Faz-me lembrar a frase freudiana, quando diz: “o que não quer dizer nada sempre quer dizer alguma coisa?”, que os cultivadores de sentido escavam como arqueólogos o intrínseco propósito de tudo o que existe. Andamos a ermo ou tem uma finalidade nas nossas andanças? Qual o papel das nossas escolhas e dos nossos atos livres em relação a um mundo embrenhado de sentido? Esse sentido é potencialmente presente e nós elucidamos, por uma escavação maiêutica ou atribuímos o sentido para nos sentimos mais confortáveis e seguros? O que passa é que sem sentido a existência seria como uma corrida armamentista em meio de turbilhões de buscas, de desejos e de possibilidades sem nexos. Faz-se necessário um sentido, ainda que vivamos numa época desprovida de sentido e de qualquer outro eixo significativo. Dar sentido significa dar um motivo para continuar…


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