Por que queremos ser felizes?

Por que queremos ser felizes?



Por. P. Jorge Ribeiro


Por que queremos ser felizes? E o que é essa tal de felicidade? O que significa ser feliz? Por que não podemos explicar o que queremos de verdade? Até que ponto felicidade e satisfação se coincidem? Existe um modo de viver que traz felicidade? Dinheiro não é tudo? Algumas pessoas são mais predispostas que outras a serem felizes? A partir desses e de outros questionamentos que busquei pesquisar, meditar e me aprofundar no assunto. Por que somos fissurados em querer ser feliz ou mostrar que assim o somos? Muitas vezes somos de tal modo obcecados em sermos felizes que perdemos as oportunidades de sermos realmente.
Como analisar e conservar as emoções positivas? Tudo que nós buscamos é em vista de sermos felizes? Uma pessoa realizada é uma pessoa feliz? Não sei ao certo. Mas uma pessoa feliz é uma pessoa realizada? Certamente. E como isso é possível? A investigação de muitos mestres do comportamento e da religião, assim como da filosofia desde a antiguidade até a atual psicologia positiva buscavam e buscam uma metodologia que possa maximizar as potencialidade que apontem um caminho de felicidade. Mas como eles avançaram na suas pesquisas? Seria possível identificar mecanismos ou meios de positivamente chegar à sonhada felicidade?
Existe um critério universal de felicidade? Como cada um tem as suas mesmas necessidades, a felicidade não dependeria de como cada um idealiza o que seja ser feliz? A busca da universalidade e a globalização não seria potenciais inimigos da felicidade?  Dado que lançam modelos e critérios que tantas é uma ditadura que provocam mais angústia e depressão na consecução que satisfação e tantas vezes também não respondem às exigências pessoais de cada um? O que me faz feliz é o que faz feliz os outros também? Posso trabalhar em mim algumas emoções e situações que me facilitem galgar os degraus da felicidade? Falando nisso, a felicidade tem uma hierarquização ou se é feliz e basta?
A compreensão da variabilidade e da multiplicidade tem mais possibilidade de tocar mais a individualidade de cada um, ainda que possam existir critérios mínimos para certa realização. Certamente a doença, a falta de recursos econômicos e sociais, entre outros fatores complicam a realização da pessoa, mas os fatores não determinam a felicidade ou a infelicidade de ninguém. Maximizar a liberdade individual garantiria a felicidade? Não acredito, muitas opções angustiam e atrapalham, mas a falta de opção também endudece e provoca amargura e inibe a busca de realização. Qual a relação entre satisfação e felicidade? A felicidade entraria no campo da gratuidade e do dom mais que no da possessão.
A busca da felicidade é medida tantas vezes pelo nível de insatisfação que provamos diante da mesma existência, ou seja, o custo que devemos pagar pelas oportunidades que abraçamos ou que declinamos; o arrependimento que nos circundam após uma escolha ou uma decisão; outra coisa que dificulta é a capacidade de adaptação ou acomodação que tanto esmorece e enfraquece os ânimos;  mas também o peso da comparação é contundente, isto é, espelhamos a nossa felicidade medindo com a felicidade do outro. É nessa busca de si e de se realizar que amamos e traímos, que almejamos e desistimos, e ao mesmo tempo queremos e não queremos, somos felizes e infelizes a um mesmo tempo, pois falta foco e atenção nos objetivos e no que realmente nos realiza como indivíduos e como grupo.

Por que queremos ser feliz? Para evitar a dor? Para eliminar o que nos incomoda e enfraquece? Para concretizar nossa vontade de poder e de domínio? Talvez relativizando a nossa busca de prazer e de vantagem, alcançamos uma fluidez maior na nossa existencialidade, mas também a consciência de que a vida boa (eudemonia) não é ausência de problemas e dificuldades, mas encontrar um sentido ou uma ressignificação para a própria caminhada. Esse desejo de felicidade dilacera em proporções diferenciadas a cada um de nós e queremos ser felizes para nos sentirmos ser o que queremos ser, e esse caminho de felicidade e verdade será possível quando conseguirmos abraçar a diversidade dos seres humanos.

Pra se pensar ....

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