Ceticismo

Ceticismo



Duvidar todo mundo duvida. Entretanto, usar a dúvida como metodologia para conhecer, faz parte do instrumental da ciência e, principalmente da filosofia, dita ceticista.
Um pouco da sua trajetória: O ceticismo aparece como doutrina segundo a qual o espírito humano não pode atingir nenhuma certeza a respeito da verdade, o que resulta em um procedimento intelectual de dúvida permanente e na abdicação, por inata incapacidade, de uma compreensão metafísica, religiosa ou absoluta do real.
É concordado que o ceticismo é um sistema filosófico fundado pelo filósofo grego Pirro (318 a.C.-272 a.C.), que tem por base a afirmação de que o homem não tem capacidade de atingir a certeza absoluta sobre uma verdade ou conhecimento específico. No extremo oposto ao ceticismo como corrente filosófica encontra-se o dogmatismo.
O ceticismo pode se fazer presente em diversas dimensões da vida e do saber. Por exemplo, o  ceticismo filosófico teve a sua origem na filosofia grega e consistia em uma negação da validade fundamental de algumas teses ou correntes filosóficas. Este tipo de ceticismo pressupõe uma atitude que duvida da noção de verdade absoluta ou conhecimento absoluto. O ceticismo filosófico se opôs a correntes como o Estoicismo e Dogmatismo. Tem também o ceticismo religioso e frequentem esse ceticismo é visto como uma atitude oposta à fé. Assim, o ceticismo religioso duvida das tradições e cultura religiosa, questionando também as noções e ensinamentos transmitidos pelas religiões.
Em todos os modos, o cético denuncia como vãs as concepções noumênicas e, recusando exercer dogmaticamente seu entendimento, limita-se a constatar a relatividade dos fenômenos, opondo entre eles as representações presentes e passadas e tirando de seu conflito argumentos para uma vida tranqüila e silenciosa.
Essa corrente de pensamento reaparece com força dez séculos depois do seu surgimento com Pirro, ou seja, o ceticismo reaparece com o frade franciscano inglês Guilherme de Occam, seguido por Montaigne e Descartes. Esse último inaugura, no limiar da modernidade, uma nova metodologia. No século XX, o grande adepto do pensamento cético é o inglês Bertrand Russell, com seu “ceticismo racional”. No Brasil, o método cético foi utilizado por Machado de Assis e, atualmente, tem sido revisitado em alguns ensaios sobre literatura  (https://ufsj.edu.br/portal2-repositorio/File/Vertentes/Isabel%20Pires.pdf).
Como o ceticismo entra na atualidade: Independentemente de ser adepto ou não ao ceticismo como modo de ser e pensar, a atitude cética é muito presente na vida prática de todos. Quem não coloca reticências diante de certas coisas? Quem aceita ou acredita em tudo que se diz ou se representa? A verificação ou busca pela veracidade dos fatos está muito presente no cotidiano, primeiramente para não se deixar enganar, depois para não se confinar em notícias falsas (fake News) e também para não se iludir num irreversível subjetivismo. Por um lado tem o relativismo subjetivista onde cada qual se preocupa e defende a sua verdade sem preocupação com o correto. De outra parte, tem o absolutismo que pode engaiolar o pensamento que transforma a busca pela verdade em ideologia e ditadura. A atitude cética moderada ajuda compreender que tudo está em movimento, que existem situações que mudam e outras que ultrapassam os gostos e conveniências pessoais.
A ilusão pretenciosa de alcançar a verdade inabalável ou de possui-la tem levado a estarrecedoras reações e trucidado o crescimento da sociedade como tal. Também o relativismo tem trucidado a vida, com um niilismo que destrói todas as bases e valores que possam oferecer um certo sentido ao caminhar da humanidade. Não precisa cair no fideismo e muito menos na banalização para poder viver, ser coerente não significa a estabilidade ou deixar correr sem pensar, pode até doer menos, mas é a consciência, a capacidade de questionar, buscar, renovar, duvidar que permite encontrar novo fôlego e novo ardor para vida pessoal e para a sociedade com tal. O marasmo, a mesmice, a mania de domínio e de unilateralidade acabam por matar a criatividade e fazer calar a esperança e o desejo de felicidade. Oferece-se gratificações momentâneas e utilidades para sufocar o próprio da humanidade, a sua constante evolução e sua condição de caminhante. O ceticismo abre os olhos e a mente para que descontentemente se possa ser o que se pretende ser. O medo de perder ou de ferir a quem se deve satisfação leva a atitudes cômodas e à negação dessa existência que realiza sua essência na pergunta e na procura e não na resposta apaziguada ou numa estabilidade mitigada.



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