AMOR NAO SE DISPUTA

Amor não se disputa


Pensando bem, podemos dizer que se alguém é pedinte, pede porque necessita. Mas algumas coisas não se deve pedir, mendigar mesmo que se esteja necessitando, ou seja, não se deve mendigar  amor, carinho e atenção. Em outras palavras, cuidado com o ridículo.
Alguém já tem enfatizado que "A paixão não é o problema. O problema é mendigar afeto. Cobrar o amor do outro sendo que eu não tenho amor próprio". Isso leva a dizer, especialmente para os carentes de plantão: Prefira sua solidão à pseudo presença de quem você precise mendigar atenção, prolongar o assunto para que o monólogo vire um diálogo, de quem prefira assuntos que não incluem você. Existem pessoas que gostam de estar com você, cujo essas sim valem a pena você compartilhar o seu tempo! Por que querer obrigar a outra pessoa a ter o mesmo sentimento que você? Por que se zangar ou se amargurar quando a outra pessoa não sente o mesmo por você?

Morro e não entendo o que leva uma pessoa a mendigar o amor de outra. Não entra na minha cabeça o que faz com que alguém seja capaz de mandar bilhetes maldosos anônimos, inventar os maiores absurdos, armar barracos ou mesmo se fazer de sonso ou sonsa pra ter ao seu lado alguém que não sente nada além de carinho e, muitas vezes, pena ou pura empatia.
Certamente cada pessoa idealiza ser a pessoa certa, mas o que pensa e o que sente a pessoa do outro lado? As vezes a paixão leva a delírios tais como: Eu queria saber tudo que você precisa, tudo que você quer. Faria qualquer coisa pra ser a sua melhor companhia: aquela  pessoa que você quer abraçar e amar quando chegar em casa depois de mais um dia cansativo de trabalho, aquela pessoa que você quer brincar e dividir as gargalhadas quando tudo está indo bem até demais, aquela pessoa que você quer apenas segurar a mão e compartilhar o silêncio quando as coisas não estiverem tão bem assim ou, simplesmente, ser aquela pessoa de quem você sente saudade quando está longe. Mas acontece que ninguém perguntou a outra pessoa quais as suas expectativas e quais os seus sentimentos?
Tem pessoas que anulando a si mesma e o próprio brio chega a recitar assim: Eu daria tudo pra ser a pessoa perfeita pra você. Eu te amaria a cada minuto da minha vida, te levaria comigo em que passo do meu caminhar, em cada batida do meu coração. Eu faria o possível e o impossível pra te fazer feliz o tempo todo, pra demonstrar o quanto você é importante e especial pra mim. Pensar ou agir assim significa rastejar ou mendigar o que somente se for gratuitamente oferecido sem sabor de felicidade. A amizade não se compra e não se impõe, acontece simplesmente!
Sabemos todos que num relacionamento sadio não se pode oferecer nada além do amor. Não vale querer que alguém goste de você pela sua insistência, ou pelo tanto que você lhe queira bem. Não se deve brigar pelo coração de ninguém! Amor não se disputa, não se pede, não se joga. Amor se conquista, sem forçar, sem chantagear e sem maltratar!
Quando alguém não lhe querer ou deixar de querer simplesmente pense racionalmente e diga: Não se culpe nem se envergonhe. Você simplesmente não me ama ou não me ama mais. É verdade que dói, mas eu entendo e tudo passa. Caso realmente amamos a pessoa, deve-se agir assim: Antes de tudo quero o melhor pra você. E, mesmo que meu mundo desabe, que me faltem até palavras ou esperanças, eu prometo que vou levantar e caminhar de novo. Um dia eu aprendo a viver sem seu amor, por mais que eu não queira aprender. A verdade é que que todo tipo de relacionamento por obrigação ou temor gera escravidão e amarguras! Seja livre, seja você!

DA MORALIDADE

Da moralidade



Poderíamos ter moralidade sem um senso de empatia? Em outras palavras, teríamos comportamentos morais sem a capacidade de nos colocarmos no lugar do outro? Se tirarmos da equação a vontade do agente moral, provavelmente sim. Afinal de contas, não é porque comportamentos tenham motivações individualistas que suas consequências não possam ter resultados bons para a comunidade, ou que não sejam moralmente adequados.
Mas o que queremos saber é se, sem qualquer senso de existência dos sentimentos dos outros ― como no caso de crianças jovens, que ainda não o desenvolveram ou que ainda não têm nos estágios comparáveis ao dos adultos ―, teríamos ferramentas suficientes para saber se tal ou qual atitude é ou deixa de ser moralmente válida ou aceita. A resposta, provavelmente, é não. É assim que vemos psicopatas ou sociopatas: como pessoas que nunca tiveram ou que perderam a capacidade de entender que seu comportamento causa sofrimento nos outros, apesar do óbvio prazer que lhes proporciona.
Com o avanço dos estudos do cérebro, hoje sabemos que grande parte do que consideramos empatia tem a ver com o nível de um hormônio chamado ocitocina. E o mais interessante é que a sua função primordial não é essa. Originalmente, a ocitocina é liberada, nas mulheres, durante as contrações uterinas do parto e durante a ejeção de leite nos anos de amamentação; já nos homens, é principalmente liberada durante o contato físico com sua prole.
Em síntese, é direcionada aos filhos, mas também tem importância em parceiros de longa data. Trata-se, portanto, de um belo recurso biológico para que cuidemos das relações duradouras e da descendência que delas resulta. Mas não é novidade que temos afeição especial pelos familiares mais próximos ― é uma estratégia que nos garante bons resultados, dada a reciprocidade e a segurança resultantes. Nesse círculo mais íntimo, é possível ver as maiores atitudes consideradas altruístas, bem como a proteção familiar que beira o nepotismo.
A empatia seria, então, a expansão desse carinho dedicado somente aos familiares próximos para outros membros das aglomerações sociais. Por isso, aliás, é que estudiosos contemporâneos tendem a dizer que os conflitos mundiais tendem a diminuir conforme expandimos nosso círculo afetivo, fato acelerado pelas relações de comércio da economia globalizada e pela crescente revolução das comunicações, que contribuem para que tenhamos melhores informações sobre os outros, tirando-os da lista de inimigos e de revolta preconceituosa. Hoje, podemos ter, com relativa facilidade, contatos e negócios com pessoas dos mais diversos lugares do planeta.
Ao isolarmos a molécula de ocitocina, poderíamos, em tese, usá-la para termos resultados mais empáticos em todas as pessoas. Bastaria encontrar alguma forma de inseri-la em nosso organismo sem maiores efeitos colaterais. Como consequência, seríamos todos mais empáticos e tenderíamos a escolhas moralmente mais adequadas, por considerarmos os outros como variáveis importantes para a resolução de dilemas. Há, no entanto, desdobramentos desse tratamento que, como qualquer outra inovação médica ou tecnológica, geram problemas filosóficos.
Um dos primeiros poderia ser o uso heterônomo da substância. Poderíamos impor o seu uso ou fazê-lo sem o consentimento do paciente? Afinal, se uma das causas de crimes graves por sociopatas ou psicopatas é a insuficiência de ocitocina, não seria mais fácil medicá-los para que possam conviver normalmente em sociedade? Seria moralmente adequado exigir tal tratamento como parte da pena pelos delitos? Seria aceitável que tivessem as outras penas restritivas diminuídas em face do tratamento? Essas indagações dependem muito da função da pena adotada pela sociedade.
Ainda no Direito, poderíamos pensar nas consequências jurídicas de um tratamento preventivo, e não interventivo. Em outras palavras, seria aceitável que tomássemos doses periódicas do medicamento, como uma vacina? Se sim, seria exigível? Qual seria a punição, em caso de descumprimento? Nesse caso, devemos pesar a liberdade individual e a intervenção estatal nessa liberdade. Como tal, o Estado teria o ônus argumentativo e precisaria justificar esse tipo de medida, demonstrando, além da relação causal entre ela e o resultado pretendido, que ela é a menos gravosa para que os fins sejam satisfeitos.
Grande parte da ojeriza por tais métodos de tratamento vem de nossa programação inata. Somos irremediavelmente essencialistas, no sentido de procurarmos uma essência imutável, inerente às coisas e às pessoas. Logo, se uma pessoa tem propensão à violência, não importa por que tipo de tratamento ela venha a passar — desde sessões de ioga ou de assistência psicológica, até medicamentos e tratamentos hormonais —, sempre seremos céticos com relação à imagem daquela pessoa que outrora ocupara nossas mentes. Não é assim que enxergamos evangélicos convertidos após uma vida inteira de ações pouco louváveis?
É esse tipo de pensamento que desemboca no que veio a ser conhecido como livre-arbítrio. Em parte, mesmo sabendo que não temos tanto controle assim, parece que continuamos a acreditar que as pessoas devem ser responsáveis por seus atos ― e principalmente que devem ser punidas indefinidamente, com penas não raro claramente desproporcionais em tempo ou em violência. Obviamente, o determinismo biológico não é suficiente para que isentemos os indivíduos de seus atos, mas as medidas retribucionistas acabam por exagerar o poder de decisão à disposição, quando da ação ou da omissão.
Certamente, em um sentido puramente utilitarista, nada disso importaria. Mas o sentimento de repulsa pode ser alimentado um pouco mais. Vejamos. Até agora, falamos especificamente de tratamentos farmacológicos, mas há formas, digamos, “naturais” de conseguir ocitocina. A mais simples delas é trocando abraços. Parece simplória, mas o ato banal de afagar outro indivíduo com os seus braços aumenta a produção de ocitocina. Não teremos problemas se o abraço for sincero e despretensioso ― seja lá o que isso queira dizer. No entanto, imaginemos a situação daquelas pessoas que fazem campanha nas ruas, distribuindo abraços gratuitos a estranhos.
Até que ponto nos sentimos bem com aquele gesto? Se realmente nos faz sentir algo bom, é tão bom quanto o carinho dado fora do movimento elaborado? Pensando com nosso íntimo, há alguma forma de resistência à ideia de sairmos à rua e abraçarmos estranhos, ou de sermos abraçados por eles? Sabemos do objetivo da empresa, mas existe algum sentimento de manipulação? Afinal, não estão estimulando um aparelho de recompensa de forma intencional e premeditada? Até que ponto isso é mais natural do que a injeção direta da ocitocina?
Dito isso, é fácil constatar que chegamos a um momento do conhecimento científico no qual temos soluções satisfatórias para comportamentos humanos considerados danosos, mas que não nos sentimos bem ao utilizá-las porque elas nem sempre vão de encontro aos nossos instintos. Por mais que teorias avancem no campo de visão de pena, grande parte da população ainda deseja que criminosos paguem por seus crimes, numa alusão clara à lex talionis. Diferentemente da busca pela ressocialização do apenado, a simples retribuição ainda aparece aplacar melhor a “sede de justiça”, dificilmente distinta da vingança.
Fazer com que todos entendam e aceitem a razoabilidade das novas medidas, passando por cima de ideias arraigadas e consoantes com nossa programação biológica, não parece ser uma opção viável ― ou, ao menos, fácil de conseguir. Nesses casos, devemos impor limites claros aos tipos de pena das quais o Estado poderá dispor contra o indivíduo, para que ele, livre das paixões humanas, possa dar continuidade ao processo civilizatório que tem dado resultados satisfatórios em conter a violência.
Longe de afastar outras causas, tais como as necessidades de uma economia de mercado mundial, ganhamos muito em diminuirmos o número de linchamentos decorrentes da aplicação da vontade imediata de uma turba enfurecida. Assim como ganhamos em esperar comprovações antes de exigirmos a punição imediata daqueles que consideramos delinquentes ou criminosos. E exatamente como ganhamos ao não diferenciar indivíduos, pelos olhos do Estado, de acordo com suas peculiaridades ou das notícias que chegam até nós.
Um mundo em que sejamos obrigados a tratar familiares e estranhos da mesma forma é praticamente inconcebível. Mas um mundo em que não tratemos tais estranhos como inimigos mortais, dignos de desconfiança e desprezo, é completamente factível, desde que usemos os mecanismos biológicos disponíveis em nosso favor, buscando atingir os fins que racionalmente desejamos. Pessoalmente, a escolha entre o equilíbrio da micro e da macroperspectiva é de caráter meramente moral ― e aqui passamos a depender dos níveis de ocitocina.
Tratando isso como deficiência ou qualidades individuais, podemos traçar um limite razoável a ser respeitado por todos. Dessa forma, podemos ter casos em que nossa liberdade irrestrita vá de encontro à boa vida social, e, portanto, deve ser cerceada, segundo benefícios generalizados.
Leituras recomendadas:
BARASH, David P.; LIPTON, Judith Eve. Payback: why we retaliate, redirect aggression, and take revenge. Nova Iorque: Oxford University Press, 2011. [em inglês]
KOGAN, Aleksandr et alA thin-slicing study of the oxytocin receptor (OXTR) gene and the evaluation and expression of the prosocial disposition. Disponível online em: <http://www.psych.utoronto.ca/users/spa/news2/Papers/A thin-slicing study of the oxytocin receptor (OXTR) gene and the evaluation and expression of the prosocial disposition–Kogan et al 2011.pdf>. Último acesso em 30 nov. 2011. [em inglês]
PINKER, Steven. Tabula rasa: a negação contemporânea da natureza humana. São Paulo: Cia. das Letras, 2004.
PINKER, Steven. The better angels of our nature: why violence has declined. Nova Iorque: Viking, 2011. [em inglês]
STEWART-WILLIAMS, Steve. Darwin, god, and the meaning of life: how evolutionary theory undermines everything you thought you knew. Nova Iorque: Cambridge University Press, 2010. [em inglês]
VERPLAETSE, Jan et al (org.). The moral brain: essays on the evolutionary and neuroscientific aspects of morality. Nova Iorque: Springer, 2009. [em inglês]

Coração santo tu reinarás, tu nosso encanto sempre serás‼

Coração santo tu reinarás, tu nosso encanto sempre serás


Um coração que ama sem medidas e sem pretextos, um coração que revela os tesouros da eternidade, um coração que perdoa sem limites, um coração que acolhe e salva! É o Coração de Jesus Cristo, chagado, humilhado, ferido e dilacerado, mas repleto de bondade!

Ezequiel 36 profetiza e revela a beleza divina de Deus:
25Então aspergirei água fresca e límpida, e ficareis purificados; Eu mesmo vos purificarei de todas as vossas impurezas e de todos os vossos ídolos.26E vos darei um novo coração e derramarei um espírito novo dentro de cada um de vós; arrancarei de vós o coração de pedra e vos abençoarei com um coração de carne. 27Eis que depositarei o meu Espírito no interior de cada pessoa e vos capacitarei para agires de acordo com as minhas leis e princípios; e assim obedecereis fielmente aos meus mandamentos!…
O desejo de Deus, desde sempre, é a salvação da humanidade. O seu coração bondoso tem buscado alcançar cada pessoa, mesmo as mais extraviadas, porque dessa de seu Coração, Fonte de Vida, brota o sustento para a eternidade. São as mesmas Sagradas Escrituras que declaram em Ef. 2, 10:Pois somos criação de Deus, realizada em Cristo Jesus para vivermos em boas obras, as quais Deus preparou no passado para que nós as praticássemos hoje. A nova humanidade em Cristo”. Significa que somos o desejo de Deus desde a eternidade e o seu sonho é que sejamos todos recolhidos no seu Coração, revelado por seu Filho e aprendamos com Ele que é o nosso único mestre, seguindo seu exemplo, na tentativa de ser igual a ele, quando nos diz: "Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração" (Mt 11,29). Na humildade nenhuma tentação encontrará espaço em nossa vida, em nosso coração, assim sempre venceremos o mal e as suas tentações.  
O que desejamos e queremos ao Celebrar o Coração de Jesus? Retomamos o texto chave dessa revelação de Jesus como o Segredo de Deus oferecido a humanidade: “"Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e meu fardo é leve" (Mt 11, 28-30). Durante centenas de anos e para milhões de pessoas estas palavras têm sido uma bênção. Não há uma palavra ou sentença aqui que não contenha um tesouro de pensamento para qualquer um que queira ouvir e aprender. O convite feito aqui é captado por três palavras: "Vinde a mim".
 Quando ouvimos o evangelho, quando lemos a Bíblia e estudamos o Novo Testamento e aprendemos sobre o Salvador o que somos chamados a fazer não é apenas mudar de religião! É certamente verdadeiro, se temos estado envolvidos em erro religioso, precisamos arrepender disso e seguir os ensinamentos dos apóstolos de Cristo. Mas isso pode ser apenas parte do que precisamos fazer. Não é exigida apenas uma mudança para a conversão. É uma decisão especial de deixar o pecado, confiar em Cristo e começar a segui-lo. O convite é Vinde a mim, e isto significa que uma decisão deve ser feita de deixar o pecado, afastar-se do erro e vir a Jesus Cristo. E não se pode ler sobre Jesus com um coração honesto sem ser motivado para vir a ele. Ora, pode-se ler sobre ele meramente por certos interesses acadêmicos, ou curiosidade intelectual. Mas, quando abrimos nossa mente -- quando nosso coração é bom -- quando sabemos que precisamos de alguma coisa melhor na vida e lemos sobre Cristo, somos motivados a mudar nossa direção, abandonar o pecado em nossa vida e vir a ele.

Jesus manso e humilde de Coração, fazei o nosso coração semelhante ao vosso!!

A INVEJA DAS MOSCAS

A inveja das moscas


Apenas quem perdeu qualquer esperança de ser virtuoso deveria falar sobre moral
SOU UMA personalidade atormentada e dada a arroubos. Noites insones me levam a terras distantes onde nossos ancestrais vagam arrancando a vida e seu sentido das pedras. Com o passar dos anos, cada vez mais me encanta a luta desses nossos patriarcas perseguidos pelos elementos naturais, por seus próprios demônios e por deuses de olhos vermelhos cheios de sangue e dentes afiados.
Construímos sonhos de autorrealização profissional, afetiva e material. A expectativa com nossa própria grandeza ocupa grande parte de nossos devaneios.
O sentimento da fragilidade do mundo sempre me perseguiu desde a infância. Se os psicanalistas estiverem certos, e tudo que é primitivo é indelével, esse sentimento constitui minha substância mais íntima. Que inveja eu tenho das moscas!
Livres, voando pelo mundo, sem saber de si mesmas.
Li nas últimas férias a coletânea de ensaios "The Best American Essays of the Century", editada por Joyce Carol Oates e Robert Atwan, Houghton Mifflin Company, Boston.
Destaco dois ensaios: "The Crack-Up" (a rachadura), de F. Scott Fitzgerald, de 1936 e "The Old Stone House" (a velha casa de pedra) de Edmund Wilson, de 1933.
Edmund Wilson foi, segundo Paulo Francis, o último grande crítico literário de uma tradição na qual o crítico não se escondia atrás de algum teórico, tipo Blanchot ou Derrida, para repetir o que todo mundo diz e com isso não correr riscos. Wilson enfrentava o autor cara a cara, dizendo o que pensava dele, sem se preocupar com o que a "indústria da crítica acadêmica" diria. A coragem nunca foi um valor na academia, Francis tinha razão.
Nesse ensaio, Wilson fala de uma casa de pedra na qual sua família viveu por muitos anos. Sua família era do tipo de família que aqui chamaríamos de quatrocentona falida. Mãe fria, pai, homem letrado e melancólico, ele, Wilson, parecido com seu pai, e também um bêbado.
Estou convencido de que pessoas sem algum vício terrível permanecem em alguma forma de infância moral. Apenas quem perdeu qualquer esperança de ser virtuoso deveria falar sobre moral. Pessoas sem vícios falando sobre moral é como virgens dando aula de sexo.
Wilson, entre outros parentes, fala de uma tia, infeliz no casamento, obrigada a ser uma mulher normal quando na realidade era uma filósofa schopenhauriana amadora. Segundo ele, ela enfrentou virtuosamente seu fardo criando um sistema filosófico pessoal pessimista e, quando ficou viúva, se mudou para Nova York e gastou seus últimos dias indo a livrarias e vendo teatro. Quando ainda casada, sua tia lia à noite, sobre o fogão, sozinha, em seu único momento de paz.
F. Scott Fitzgerald, autor de "O Grande Gatsby", nesse ensaio descreve a sua maior crise existencial (a rachadura que dá título ao ensaio), que o acometeu por volta dos 50 anos. Escritor famoso, Fitzgerald afirma: "Identifiquei-me com meus próprios objetos de horror e compaixão" e "passei a ter uma atitude trágica em relação à tragédia e melancólica em relação à melancolia". Em síntese, foi inundado por seus próprios objetos literários e se tornou, ele mesmo, um deles. O efeito foi devastador e libertador.
Na abertura, ele define o que entende por uma pessoa inteligente: conseguir viver com duas ideias opostas sobre a vida e não desistir de nenhuma delas.
E exemplifica: saber que não há esperança para nós e ainda assim viver buscando provar o contrário. O resultado seria uma vida combativa em nome da esperança. Uma vida pautada pelo controle de si mesmo e do mundo a sua volta.
Ao final do ensaio, ele volta a definir, agora, o que é, após sua rachadura, o estado natural de um adulto que tem consciência e sensibilidade: infelicidade qualificada (e não banal).
Uma condição com a qual convivemos, mas que ao assumi-la, uma espécie de libertação acontece: em suas palavras, não mais desejar ser um homem bom, não mais ser simpático com o marido de sua prima, nem responder a cartas de escritores jovens medíocres que não deveriam aborrecer os outros. Ser apenas um escritor e não querer agradar a ninguém, nem a si mesmo.

ponde.folha@uol.com.br

FESTEJOS JUNINOS

AS FESTAS JUNINAS



Festas juninas ou festas dos santos populares são celebrações católicas que acontecem em vários países e que são historicamente relacionadas com a festa pagã do solstício de verão (no hemisfério norte) e de inverno (nohemisfério sul), que é celebrado no dia 24 de junho, segundo o calendário juliano (pré-gregoriano). Tal festa teve origem na Idade Média, se tornando a Festa junina. Outros dois santos católicos populares celebrados nesta mesma época são São Pedro e São Paulo (no dia 29) e Santo António (no dia 13). Em Portugal, as festas dos 3 santos populares marcam o início das festas católicas por todo o país.
Essas celebrações são particularmente importantes no Norte da Europa — DinamarcaEstóniaFinlândiaLetônia,LituâniaNoruega e Suécia —, mas também ocorrem em grande escala na Irlanda, na Galiza, em partes do Reino Unido (especialmente na Cornualha), FrançaItáliaMaltaPortugalEspanhaUcrânia, outras partes da Europa, e em outros países como CanadáEstados UnidosPorto RicoBrasil e Austrália.

Origem da fogueira

Fogueira de Festa do Verão emMäntsälä. Fogueiras de São João (Festa do Verão) são bastantes populares no dia de São João(Juhannus) no campo ao redor das cidades em festejos.
Ficheiro:Balao porto.jpeg
Balão de São João em Portugal, cidade do Porto
De origem europeia, as fogueiras juninas fazem parte da antiga tradição pagã de celebrar o solstício de verão. Assim como a cristianização da árvore pagã "sempre verde", que se tornou a famosa árvore de natal, a fogueira do dia de Midsummer(25 de junho) tornou-se, pouco a pouco, na Idade Média, um atributo da festa de São João Batista, o santo celebrado nesse mesmo dia. Ainda hoje, a fogueira de São João é o traço comum que une todas as Festas de São João Europeias (da Estônia a Portugal, da Finlândia à França).
Uma lenda católica cristianizando a fogueira pagã estival afirma que o antigo costume de acender fogueiras no começo do verão europeu tinha suas raízes em um acordo feito pelas primas Maria e Isabel. Para avisar Maria sobre o nascimento de São João Batista e, assim ter seu auxílio após o parto, Isabel teria de acender uma fogueira sobre um monte.

O uso de balões

O uso de balões e fogos de artifício durante o São João no Brasil está relacionado com o tradicional uso da fogueira junina e seus efeitos visuais. Este costume foi trazido pelos portugueses para o Brasil e se mantém em ambos os lados do Oceano Atlântico, sendo que é na cidade do Porto, em Portugal, onde mais se evidencia. Fogos de artifício manuseados por pessoas privadas e espetáculos pirotécnicos organizados por associações ou municipalidades tornaram-se uma parte essencial da festa na Região Nordeste do Brasil, em outras partes do Brasil e em Portugal. Os fogos de artifício, segundo a tradição popular, servem para despertar São João Batista. Em Portugal, pequenos papéis são atados no balão com desejos e pedidos.
Os balões serviam para avisar que a festa iria começar; eram soltos de cinco a sete balões para se identificar o início da festança. Os balões, no entanto, constituem atualmente uma prática proibida por lei em muitos locais, como no Brasil, por exemplo, devido ao risco de incêndio e mortes.
Durante todo o mês de junho, é comum, principalmente entre as crianças, soltar bombas, conhecidas por nomes como "traque", "chilene", "cordão", "cabeção-de-negro", "cartucho", "treme-terra", "rojão", "buscapé", "cobrinha", "espadas-de-fogo", "chuvinha", "pimentinha", "bufa-de-vei" e "bombão".

O mastro de São João

O mastro de São João, conhecido em Portugal também como o mastro dos Santos Populares, é erguido durante a festa junina para celebrar os três santos ligados a essa festa. No Brasil, no topo de cada mastro são amarradas, em geral, três bandeirinhas simbolizando os santos. Tendo, hoje em dia, uma significação cristã bastante enraizada e sendo, entre os costumes de São João, um dos mais marcadamente católico, o levantamento do mastro tem sua origem, no entanto, no costume pagão de levantar o "mastro de maio", ou a árvore de maio, costume ainda hoje vivo em algumas partes da Europa.
Além de sua cristianização profunda em Portugal e no Brasil, é interessante notar que o levantamento do mastro de maio em Portugal é também erguido em junho e a celebrar as festas desse mês — o mesmo fenômeno também ocorrendo na Suécia, onde o mastro de maio, "majstången", de origem primaveril, passou a ser erguido durante as festas estivais de junho, Midsommarafton. O fato de suspender milhos e laranjas ao mastro de São João parece ser um vestígio de práticas pagãs similares em torno do mastro de maio. A tradição do Cambeiro é celebrada em Janeiro.
Hoje em dia, um rico simbolismo católico popular está ligado aos procedimentos envolvendo o levantamento do mastro e os seus enfeites.

Quadrilha

A quadrilha brasileira tem o seu nome originário uma dança de salão francesa para quatro pares, a quadrille, em voga na França entre o início do século XIX e aPrimeira Guerra Mundial. A quadrille francesa, por sua parte, já era um desenvolvimento da contredanse, popular nos meios aristocráticos franceses do século XVIII. A contredanse se desenvolveu a partir de uma dança inglesa de origem campesina, surgida provavelmente por volta do século XIII, e que se popularizara em toda a Europa na primeira metade do século XVIII.
quadrille veio para o Brasil seguindo o interesse da classe média e das elites portuguesas e brasileiras do século XIXpor tudo que fosse a última moda de Paris (dos discursos republicanos de Gambetta e Jules Ferry, passando pelas poesias de Victor Hugo e Théophile Gautier até a criação de uma academia de letras, dos cabelos cacheados de Sarah Bernhardt até ao uso do cavanhaque).
Ao longo do século XIX, a quadrilha se popularizou no Brasil e se fundiu com danças brasileiras preexistentes e teve subsequentes evoluções (entre elas, o aumento do número de pares e o abandono de passos e ritmos franceses). Ainda que inicialmente adotada pela elite urbana brasileira, esta é uma dança que teve o seu maior florescimento no Brasil rural (daí o vestuário campesino), e se tornou uma dança própria dos festejos juninos, principalmente no Nordeste. A partir de então, a quadrilha, nunca deixando de ser um fenômeno popular e rural, também recebeu a influência do movimento nacionalista e da sistematização dos costumes nacionais pelos estudos folclóricos.
Uma quadrilha de Sergipe
O nacionalismo folclórico marcou as ciências sociais no Brasil e na Europa entre os começos do romantismo e aSegunda Guerra Mundial. A quadrilha, como outras danças brasileiras como o pastoril, foi sistematizada e divulgada por associações municipais, igrejas e clubes de bairros, sendo também defendida por professores e praticada por alunos em colégios e escolas, na zona rural ou urbana, como sendo uma expressão da cultura cabocla e da república brasileira. Esse folclorismo acadêmico e ufano explica, duma certa maneira, o aspecto matuto rígido e artificial da quadrilha.
No entanto, hoje em dia, essa artificialidade rural é vista pelos foliões como uma atitude lúdica, teatral e festiva, mais do que como a expressão de um ideal folclórico, nacionalista ou acadêmico qualquer. Seja como for, é correto afirmar que a quadrilha deve a sua sobrevivência urbana na segunda metade do século XX e o grande sucesso popular atual aos cuidados meticulosos de associações e clubes juninos da classe média e ao trabalho educativo de conservação e prática feito pelos estabelecimentos do ensino primário e secundário, mais do que à prática campesina real, ainda que vivaz, porém quase sempre desprezada pela cultura citadina.
Desde do século XIX e em contato com diferentes danças do país mais antigas, a quadrilha sofreu influências regionais, daí surgindo muitas variantes:
  • "Quadrilha Caipira" (São Paulo)
  • "Saruê", corruptela do termo francês "soirée", "noite"2 (Brasil Central)
  • "Baile Sifilítico" (Bahia)
  • "Mana-Chica" (Rio de Janeiro)
  • "Quadrilha" (Sergipe)
  • "Quadrilha Matuta"
Hoje em dia, entre os instrumentos musicais que normalmente podem acompanhar a quadrilha, encontram-se o acordeãopandeirozabumbaviolãotriângulo e ocavaquinho. Não existe uma música específica que seja própria a todas as regiões. A música é aquela comum aos bailes de roça, em compasso binário ou demarchinha, que favorece o cadenciamento das marcações.
"Quadrilha Caipira" (São Paulo)
Em geral, para a prática da dança é importante a presença de um mestre "marcante" ou "marcador", pois é ele quem determina as figurações diversas que os dançadores devem desenvolver. Termos de origem francesa são ainda utilizados por alguns mestres para cadenciar a dança.
Os participantes da quadrilha, vestidos de matuto ou à caipira, como se diz fora do Nordeste do Brasil (indumentária que se convencionou pelo folclorismo como sendo a das comunidades caboclas), executam diversas evoluções em pares de número variável. Em geral, o par que abre o grupo é um "noivo" e uma "noiva", já que a quadrilha pode encenar um casamento fictício. Esse ritual matrimonial da quadrilha liga-a às festas de São João europeias que também celebram aspirações ou uniões matrimoniais. Esse aspecto matrimonial e a fogueira junina constituem os dois elementos mais presentes nas diferentes festas de São João da Europa.

Outras danças e canções

No nordeste brasileiro, é utilizado o forró, assim como ritmos aparentados tais como o baião, o xote, o reisado, o samba de coco e as cantigas típicas das festas juninas.

Costumes populares

Festa junina caipira
Ficheiro:Bugiada em dia de São João.JPG
Bugiada em dia de São João - Sobrado, Valongo, Porto - Portugal)
As festas juninas brasileiras podem ser divididas em dois tipos distintos: as festas da Região Nordeste e as festas doBrasil caipira, ou seja, nos estados de São PauloParaná (norte), Minas Gerais (sobretudo na parte sul) e Goiás.
No Nordeste brasileiro, se comemora com pequenas ou grandes festas que reúnem toda a comunidade e muitos turistas, com fartura de comida, quadrilhas, casamento matuto e muito forró. É comum os participantes das festas se vestirem de matuto, os homens com camisa quadriculada, calça remendada com panos coloridos, e chapéu de palha, e as mulheres com vestido colorido de chita e chapéu de palha.
No interior de São Paulo, ainda se mantém a tradição da realização de quermesses e danças de quadrilha em torno de fogueiras.
Em Portugal, há arraiais com foguetes, assam-se sardinhas e oferecem-se manjericos, as marchas populares desfilam pelas ruas e avenidas. No Porto, usam martelinhos de plástico nas cabeças de quem passa e alho-porro nas cabeças e no nariz. O costume teve origem nas rusgas que se dirigiam para o bairro das fontaínhas na cidade do Porto; pelo caminho os populares recolhiam os alhos floridos que crescem na época para mais tarde os guardar atrás da porta de casa e assim "dar boa sorte". A quem não tinha a planta, batia-se com ela na cabeça transmitindo a boa fortuna. No início da década de 1950 o martelinho começou a substituir o alho e hoje é muito mais popular.
Na vila de Sobrado, município de Valongo no distrito do Porto a Festa da Bugiada é uma manifestação popular tradicional que se realiza anualmente, no dia 24 de junho, sob a invocação de São João, . É uma tradição antiquíssima que tem por detrás uma lenda transmitida oralmente de geração em geração, que remontaria ao tempo em que os muçulmanos ocuparam boa parte da Península Ibérica. Essa lenda dá conta da disputa de uma imagem milagrosa de São João, detida pelos bugios, a que os mourisqueiros pretenderiam também recorrer para salvar a filha do seu rei.

Simpatias, sortes e adivinhas para Santo Antônio

O relacionamento entre os devotos e os santos juninos, principalmente Santo Antônio e São João, é quase familiar: cheio de intimidades, chega a ser, por vezes, irreverente, debochado e quase obsceno. Esse caráter fica bastante evidente quando se entra em contato com as simpatias, sortes, adivinhas e acalantos feitos a esses santos:
Confessei-me a Santo Antônio,
confessei que estava amando.
Ele deu-me por penitência
que fosse continuando.
Os objetos utilizados nas simpatias e adivinhações devem ser virgens, ou seja, estar sendo usados pela primeira vez, senão… nada de a simpatia funcionar! A seguir, algumas simpatias feitas para Santo Antônio:
Moças solteiras, desejosas de se casar, em várias regiões do Brasil, colocam um figurino do santo de cabeça para baixo atrás da porta ou dentro do poço ou enterram-no até o pescoço. Fazem o pedido e, enquanto não são atendidas, lá fica a imagem de cabeça para baixo. Para arrumar namorado ou marido, basta amarrar uma fita vermelha e outra branca no braço da imagem de Santo Antônio, fazendo a ele o pedido. Rezar um pai-nosso e uma salve-rainha. Pendurar a imagem de cabeça para baixo sob a cama. Ela só deve ser desvirada quando a pessoa alcançar o pedido.
No dia 13, é comum ir à igreja para receber o "pãozinho de Santo Antônio", que é dado gratuitamente pelos frades. Em troca, os fiéis costumam deixar ofertas. O pão, que é bento, deve ser deixado junto aos demais mantimentos para que estes não faltem jamais.
Em Lisboa, é tradicional uma cerimónia de casamento múltiplo do dia de Santo António, em que chegam a casar-se de 200 a 300 casais ao mesmo tempo. Esta "tradição" começou nos anos do salazarismo, e desapareceu com a Revolução de 1974. Voltou a reaparecer há uns anos, promovida por uma cadeia de televisão.

Festas juninas por país

Brasil

As festas juninas são, na sua essência, multiculturais, embora o formato com que hoje as conhecemos tenha tido origem nas festas dos santos populares em Portugal: Festa de Santo AntônioFesta de São João e a Festa de São Pedro e São Paulo principalmente. A música e os instrumentos usados (cavaquinho, sanfona, triângulo ou ferrinhos, reco-reco etc.) estão na base da música popular e folclórica portuguesa e foram trazidos para o Brasil pelos povoadores e imigrantes do país irmão. As roupas caipiras ou saloias são uma clara referência ao povo campestre, que povoou principalmente o nordeste do Brasil e muitíssimas semelhanças se podem encontrar no modo de vestir caipira tanto no Brasil como em Portugal. Do mesmo modo, as decorações com que se enfeitam os arraiais tiveram o seu início em Portugal, junto com as novidades que, na época dos descobrimentos, os portugueses trouxeram da Ásia, como enfeites de papel, balões de ar quente e pólvora, por exemplo. Embora os balões tenham sido proibidos em muitos lugares do Brasil, eles são usados na cidade do Porto em Portugal com muita abundância e o céu se enche com milhares deles durante toda a noite. A dança de fitas típicas das festas juninas no Brasil é, provavelmente, originárias daPenínsula Ibérica.1
No Brasil, recebeu o nome de "junina" (chamada inicialmente de "joanina", de São João), porque acontece no mês de junho. Além de Portugal, a tradição veio de outros países europeus cristianizados dos quais são oriundas as comunidades de imigrantes, chegados a partir de meados do século XIX. Ainda antes, porém, a festa já tinha sido trazida para o Brasil pelos portugueses e logo foi incorporada aos costumes das populações indígenas e afro-brasileiras.
As grandes mudanças no conceito artístico contemporâneo acarretaram na "adequação e atualização" destas festas, onde ritmos e bandas não tradicionais aos tipicamente vivenciados são acrescentadas às grades e programações de festas regionais, incentivando o maior interesse de novos públicos. Essa tem sido a aposta de vários festejos para agradar a todos, não deixando de lado os costumes juninos. Têm-se, como exemplo, as festas do interior da Bahia, como a deIbicuíAmargosa e a de Santo Antônio de Jesus, que, apesar da inclusão de novas programações, não deixa de lado a cultura nordestina do forró, conhecido como "pé de serra" nos dias de comemoração junina.
A festa de São João brasileira é típica da Região Nordeste. Por ser uma região árida, o Nordeste agradece anualmente a São João Batista, mas também a São Pedro, pelas chuvas caídas nas lavouras. Em razão da época propícia para a colheita do milho, as comidas feitas de milho integram a tradição, como a canjica, apamonha, o curau, o milho cozido, a pipoca e o bolo de milho. Também pratos típicos das festas são o arroz-doce, a broa de milho, a cocada, o bom-bocado, oquentão, o vinho quente, o pé-de-moleque, a batata-doce, o bolo de amendoim, o bolo de pinhão etc.1
O local onde ocorre a maioria dos festejos juninos é chamado de arraial, um largo espaço ao ar livre cercado ou não e onde barracas são erguidas unicamente para o evento, ou um galpão já existente com dependências já construídas e adaptadas para a festa. Geralmente, o arraial é decorado com bandeirinhas de papel colorido, balões e palha de coqueiro ou bambu. Nos arraiais, acontecem as quadrilhas, os forrós, leilões, bingos e os casamentos matutos.
Locais
Estes arraiais são muito comuns em Portugal e não são exclusivos do São João, são parte da tradição popular em geral. Nessas festas, podemos encontrar imensas semelhanças tanto no Brasil como em Portugal, mas não só. Na África e na Ásia, MacauÍndiaMalásia, na Comunidade Cristang, os portugueses deixaram essa tradição dos santos populares bem marcada.
Atualmente, os festejos ocorridos em cidades do Norte e Nordeste do Brasil dão impulso à economia local. Citem-se, como exemplo,IbicuíAmargosaSanto Antônio de JesusPiritiba e Senhor do Bonfim na Bahia, em Mossoró no Rio Grande do Norte; em Arcoverde em PernambucoCampina Grande na Paraíba;Juazeiro do Norte no Ceará; e Cametá no ParáCampina Grande (Paraíba), Caruaru (Pernambuco) e Cruz das Almas (Bahia) realizam as maiores festas do Nordeste brasileiro, cada uma delas durando 30 dias. Campina Grande possui o título de Maior São João do Mundo, embora Caruaru esteja consolidada noGuinness Book na categoria festa country (regional) ao ar livre.
Outra região conhecida pelas festividades do mês de junho é o interior de São Paulo, onde ainda se mantém a tradição da realização de quermesses e danças de quadrilha em torno de fogueiras. A culinária local apresenta pratos característicos da época, como a paçoca, o pé-de-moleque, o bolinho caipira, pastéis, canjica e outros. As quermesses atraem também músicos sertanejos e brincadeiras para os mais novos.

Pra se pensar ....

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