A esperança é a última que morre


Acreditar que as coisas podem ser diferentes é fundamental para a manutenção da própria existência

por Eugênio Mussak | foto André Spinola e Castro

Creio que foi a cena mais impressionante que presenciei em toda minha vida. Eu era um estudante do curso de medicina e estava acompanhando a visita de um experiente professor à enfermaria de cirurgia cardíaca.No lugar estavam os pacientes em recuperação, após terem sido operados. Em geral, as visitas eram de aprendizado meio protocolar, pois víamos pacientes em estado de controle clínico.Mas naquele dia foi diferente.
Quando entramos, a enfermeira estava acionando o sinal de alarme,pois um paciente já operado havia sofrido uma parada cardíaca naquele instante. Foi uma coincidência que salvou uma vida.Mas não foi fácil, pois minutos preciosos já tinham sido perdidos. O médico iniciou o procedimento de ressuscitação, com três tipos de ações: massagem cardíaca, choque e injeção de drogas cardiotônicas. Só que nada funcionava.
Para tornar o trabalho mais eficiente, o médico colocou o homem no chão, pois na cama o molejo absorvia parte da massagem. Por mais de uma hora nos revezamos entre a massagem e a respiração boca-a-boca, até que o desânimo começou a tomar conta de todos. Foi quando o professor pediu uma tesoura. Diante de olhares atônitos, ele removeu os grampos que fechavam o corte no peito recém-operado, cortou os pontos e simplesmente tomou o órgão com a mão e iniciou uma tentativa desesperada: uma massagem cardíaca direta. E então, como um milagre, o coração começou a responder.
Depois, olhando para as caras assustadas dos estudantes, o professor disse algo como: “Às vezes o paciente parece que morre, mas a esperança não. Dessa forma conseguimos trazer a vida de volta”. Nunca mais esqueci, pois aprendi na prática. As coisas só acabam quando não há mais esperança, por isso dizemos que ela é a última que morre.
A esperança é um mal?
Os gregos da Antiguidade, que têm respostas para tudo a partir de sua mitologia, dizem que quem criou a humanidade foi o titã Prometeu. Além disso, ele fez mais duas coisas: roubou o fogo do Olimpo para ser usado pelos homens e prendeu em uma caixa todos os males, como a doença, a loucura, a guerra e a morte. E entre todos esses males, encolhida em um canto, estava a esperança.Zeus, bravo com o roubo do fogo, prendeu Prometeu e o condenou a um castigo perpétuo: acorrentou-o a uma rocha, para que seu fígado fosse comido por um abutre feroz durante o dia e se recuperasse durante a noite. Assim Prometeu pagaria durante toda a eternidade pela insolência de tentar comparar-se a um deus. E Zeus fez mais: criou uma belíssima mulher, a quem chamou de Pandora, e a mandou à Terra, onde acabou por casar-se com Epimeteu, irmão de Prometeu. Quando encontrou a caixa que aprisionava os males, Pandora a abriu, liberando-os todos, que passaram a afligir a humanidade. A partir de então, os humanos começaram a sofrer com sua condição de fracos, incompletos e mortais, que só conseguem continuar vivendo e povoando a terra porque da caixa também saiu a esperança, que passou a habitar entre eles.
Na Grécia, podemos encontrar a estátua dedicada à deusa Elpis – “esperança”, na língua de Homero. Seu mito é um dos mais repetidos até os dias de hoje, e também é um dos que suscitam dúvida. Afinal, se a esperança é uma coisa tão boa, o que estaria ela fazendo junto com os males humanos, dentro da mesma caixa?
A versão mais aceita para essa questão diz que os criadores dos mitos acreditavam que a esperança era filha da mentira e, por isso, considerada má. Segundo eles, a verdade jamais pode ser ignorada, por mais cruel que seja, e a esperança muitas vezes desvia a atenção dos homens, afastando-os da realidade, deixando-os ainda mais fracos.
A esperança é boa?
Essa é a questão mais dolorosamente aguda a respeito da esperança. Até quando devemos nutrir uma esperança sem que ela nos paralise e nos impeça de tomarmos outro caminho? Será que a esperança só é boa quando é baseada em probabilidades concretas? Ou ela é boa em si mesma, por manter a vida ao assumir a forma de uma tocha que nos permite encontrar algum caminho antes de se apagar? Há defensores para ambas as alternativas.A doutrina cristã, por exemplo, relaciona a esperança à fé e à caridade, para criar as três principais virtudes teologais, ou seja, aquelas que, por terem origem divina, não carecem de entendimento lógico. De acordo com essa idéia, temos fé, acalentamos esperança e praticamos caridade pelos atos em si mesmos. Se tentarmos entender a nossa fé e justificar nossa caridade, estaremos tentando racionalizar o que não precisa de razão para existir. E o mesmo aconteceria com a esperança.
Dessa forma, a esperança é parte do ser humano, como são os seus cinco sentidos, e só percebemos que a possuímos quando, por algum motivo a perdemos. Temos esperança de a vida melhorar, de arrumar um emprego, de a doença sarar, e nos apegamos a ela para tolerar a dureza do cotidiano, a falta do emprego, a saúde abalada. A esperança é o ungüento que, se não cura a inflamação, pelo menos diminui a dor.
Mas é claro que há outros pontos de vista. Nietzsche é um dos que pensam diferente. Em seu livroHumano, Demasiado Humano, ele afirma que a esperança é o pior dos males, pois ela se refere à expectativa de um futuro incerto, e por isso é enganosa. O filósofo interpreta que foi o próprio Zeus que ordenou que ela permanecesse entre os seres humanos apenas para prolongar seu tormento.“ Atinge-se a verdade”– disse o cáustico filósofo alemão –, “através da descrença e do ceticismo, e não do desejo infantil de que algo aconteça de certa forma.”
Acontece que a esperança é uma qualidade demasiadamente humana, e imensamente necessária à própria manutenção da existência. Entretanto, cumpre melhor seu papel ao se ancorar na realidade. Quando a esperança de sarar de uma doença é prescrita com a caneta da medicina, reforça nosso ânimo sobre a própria esperança. Mas, quando quem a propõe é o misticismo ou a superstição, pode morrer a esperança – e o paciente.

LA FAMIGLIA DI NAZARETH

INCONTRO DEL 15 OTTOBRE 2011




“Il segreto di Nazareth”, questo è stato il tema del nostro incontro che si è svolto nel mese di ottobre.

Ma che cos’è il mistero di Nazareth? Cosa ci vuole indicare? Qualcuno ha scritto saggiamente che “Il mistero di Nazareth ci dice in modo semplice che Gesù, Parola che viene dall’alto, il Figlio del Padre, si fa bambino, assume la nostra umanità, cresce come ragazzo in una famiglia, vive l’esperienza della religiosità e della legge, la vita quotidiana scandita dai giorni di lavoro e dal riposo del sabato, il calendario delle feste”. Come ogni uomo che viene al mondo anche Gesù domanda di essere accolto da una famiglia, accolto dai suoi, accolto da tutti noi.

In sostanza Nazareth è il luogo della memoria di Gesù. Lì si è immerso nella nostra umanità dove si è fatto uomo, facendo sua l’esperienza di amicizia e conflittualità, salute e malattia, gioia e dolore. Esperienza preziosa, che si è poi trasformata nel linguaggio che Cristo ha utilizzato per dire la Parola di Dio. Da dove verrebbero, se non dalla famiglia e dall’ambiente di quel piccolo villaggio, le parole di Gesù: il contadino che semina, la donna che impasta la farina, il pastore che ha perso la pecora, il padre con i suoi due figli. Dove ha imparato Gesù la sua sorprendente capacità di raccontare, immaginare, paragonare, pregare nella e con la vita?

Anche noi diventiamo ciò che abbiamo ricevuto. Per essere più chiari: l’avventura della vita umana inizia da ciò che abbiamo ricevuto. E’ la famiglia che forgia – nel bene come nel male – la nostra umanità.

Il rischio maggiore oggi è rappresentato dal fatto che i nostri figli possano crescere privi (e privati) di una loro memoria. La tecnologia a disposizione ha permesso loro di fruire di un orizzonte molto più ampio rispetto alle generazioni che li hanno preceduti. Un orizzonte del presente che rischia di assorbirli totalmente, impedendo loro di costruirsi una loro memoria.

Qualcuno ha definito le vite dei giovani come dei sentieri d’acqua e ha parlato di “tempo punteggiato” che fatica a collegare i vari istanti che dovrebbero formare la loro storia.

Coltivare la memoria appare necessario a fornire una propria identità, quale base di partenza per il progetto del futuro di ognuno di noi. Allo stesso modo anche la fede è la “memoria di un dono di salvezza ricevuto che trova nel presente il luogo della sua celebrazione”.

Sulla scorta di un simile quadro, si è tentato di contestualizzare la nostra realtà quotidiana, chiedendoci se anche le nostre famiglie possano rappresentare dei “luoghi di memoria”. Dal confronto che ne è emerso sono state affrontate interessanti tematiche, attinenti alla quotidianità familiare. Il tempo da dedicare alla famiglia, ad esempio, contrapposto alle numerose difficoltà a ritagliare spazi sufficienti ed idonei a causa delle forti limitazioni imposte dai ritmi (a volte pesanti) della vita d’ogni giorno. Le difficoltà culturali, sociali incontrate nel vivere la nostra fede come coppia e come educatori primi dei nostri figli, spesso in contrapposizione agli innumerevoli stimoli che ci giungono dall’esterno e ad un relativismo dilagante che stravolge il concetto di libertà. Come ebbe a ricordare il beato Giovanni Paolo II, la nostra storia si trova necessariamente implicata in un “… combattimento fra libertà che si oppongono fra loro, cioè, secondo la nota espressione di san Agostino, un conflitto, fra due amori: l'amore di Dio spinto fino al disprezzo di sé, e l'amore di sé spinto fino al disprezzo di Dio” (Familiaris Consortio n. 6).

Da tutto ciò ne consegue l’impegno, urgente, a ritrovare la rotta giusta, a seguire la via maestra, che ci aiuti ad affrontare gli ostacoli sul nostro cammino di sposi e genitori. Quel “combattimento” ci assorbe le energie, ci indebolisce, spesso ci fa sentire inadeguati, rischia di farci scendere a compromessi. Tutto ciò è umano, è comprensibile. E forse è proprio in questi momenti che occorre tornare – noi come i nostri figli – ai “luoghi di memoria”, alle nostre famiglie, alla nostra comunità (nella sua accezione di “famiglia di famiglie”), quale approdo sicuro dove poter attingere di nuovo alla linfa dell’amore di Dio.

E poi via, di nuovo.



Pra se pensar ....

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Desespero anunciado Para que essa agonia exorbitante? Parece que tudo vai se esvair O que se deve fazer? Viver recluso na pr...