O que a Bíblia diz sobre
a justiça social?
Por Pe. Jorge Ribeiro
Nesse tempo de tantas
acusações e injustiças, queremos abordar a imprescindível questão da justiça
social. Antes de discutir a visão cristã da justiça social, precisamos definir
os termos. A justiça social é um conceito tão politicamente carregado que
realmente não pode ser dissociado do seu contexto moderno. A justiça social é
muitas vezes usada como um grito de guerra para muitos no lado esquerdo do
espectro político. A justiça social é também um conceito que alguns usam para
descrever o movimento em direção a um mundo socialmente justo. Neste contexto,
a justiça social baseia-se nos conceitos de igualdade e direitos humanos, e
envolve um maior grau de igualitarismo econômico através da tributação
progressiva, da redistribuição de renda ou até mesmo da redistribuição da
propriedade. Essas políticas visam atingir o que os economistas de
desenvolvimento chamam de igualdade de oportunidades, a qual pode realmente
existir em algumas sociedades, e para a fabricação de igualdade de resultados
nos casos em que as desigualdades inerentes aparecem em um sistema
processualmente justo".
A palavra-chave nesta
definição é "igualitarismo". Esta palavra, juntamente com as frases
"redistribuição de renda", "redistribuição da propriedade"
e "igualdade de resultados", diz muito sobre a justiça social. O
igualitarismo, como uma doutrina política, essencialmente promove a ideia de
que todas as pessoas devem ter os mesmos (iguais) direitos políticos, sociais,
econômicos e civis. Esta ideia é baseada no fundamento dos direitos humanos
inalienáveis consagrados em documentos como a Declaração de Independência
Americana.
Qual, então, é a visão
cristã da justiça social? A Bíblia ensina que Deus é um Deus de justiça. De
fato, "Deus é... justo e reto" (Deuteronômio 32,4). Além disso, a
Bíblia sustenta a noção de justiça social na qual a preocupação e os cuidados
são mostrados a favor dos pobres e aflitos (Deuteronômio 10,18; 24,17; 27,19).
A Bíblia muitas vezes se refere ao órfão, à viúva e ao estrangeiro - ou seja,
pessoas que não eram capazes de cuidar de si mesmas ou não tinham um sistema de
apoio. A nação de Israel foi ordenada por Deus para cuidar dos menos
afortunados da sociedade, e seu eventual fracasso de fazer isso foi em parte a
razão para o seu julgamento e expulsão da terra.
No entanto, a noção
cristã de justiça social é diferente da noção contemporânea de justiça social.
As exortações bíblicas para cuidar dos pobres são mais individuais do que da
sociedade como um todo. Em outras palavras, cada cristão é encorajado a fazer o
que puder para ajudar o "menor destes." A base para tais mandamentos
bíblicos encontra-se no segundo dos grandes mandamentos - amar ao próximo como
a si mesmo (Mateus 22,39).
Resumindo, há uma
tensão entre uma abordagem da justiça social que é centrada em Deus e da que é
centrada no homem. A abordagem centrada no homem vê o governo no papel de
salvador, trazendo consigo uma utopia por meio de políticas governamentais. A
abordagem centrada em Deus vê Cristo como Salvador, trazendo o céu para a terra
quando Ele voltar. No Seu retorno, Cristo restaurará todas as coisas e
executará a justiça perfeita. Até então, os cristãos expressam o amor e a
justiça de Deus ao mostrar bondade e misericórdia para com os menos
afortunados.