Arte e religião

A perdida unidade entre a arte e a religião, vista como um fato benéfico ou prejudicial, não pode ser recuperada por um ato de vontade. Como não era uma questão de cooperação intencional, mas resultava de toda uma estrutura objetiva da sociedade durante certas fases da história, a ruptura é objetivamente condicionada e irreversível. A unidade de arte e religião não provém simplesmente de convicções e decisões subjetivas mas da realidade social subjacente e de sua tendência objetiva. Tal unidade existe, em princípio, apenas em sociedades fechadas, não-individualistas e hierárquicas – até mesmo na antigüidade grega não prevaleceu nas fases em que o indivíduo se emancipou econômica e politicamente. A presente crise que envolve a individualidade e as tendências coletivas em nossa sociedade não justifica qualquer retrocesso da arte a um estágio que antecede a era individualista, qualquer tentativa de novamente submeter a arte de modo arbitrário a amarras de natureza religiosa. Uma reversão dessas traria o selo da própria era individualista: seria essencialmente racionalista. O indivíduo ainda poderia ter experiências religiosas. Mas a religião positiva perdeu seu caráter de validade objetiva e oniabrangente, sua força vinculante supra-individual. Não é mais um medium a priori não-problemático dentro do qual cada um exista sem questionamentos. Por isso o desejo de reconstrução daquela unidade tão exaltada é um wishful thinking, mesmo que esteja profundamente enraizado no desejo sincero por algo que dê "sentido" a uma cultura ameaçada pelo vazio e pela alienação universal. Cfr. Adorno

Pra se pensar ....

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