JUVENTUDE


Educar com princípios: resgatando o futuro da nossa juventude





Acreditar na educação e nas possibilidades de transformação desta numa sociedade mais justa e humana é um dos grandes desafios que nós educadores temos enfrentado. Desafio esse que nos impulsiona a sonhar e a lutar para que uma outra visão de homem e sociedade seja real a partir de nossa intervenção nessa sociedade.
Contemplar nossos alunos se desenvolvendo e expressando sua arte através dos desenhos e poesias é algo de um valor imensurável, pois ressaltamos a importância desse trabalho e da valorização da participação e do envolvimento de cada um.  Reconhecemos o desenvolvimento de habilidades e de muitas potencialidades que desvela a história de cada indivíduo: suas influências familiares e culturais, no modo de vida de seu grupo social.
Parabéns  aos professores e equipe que tem incentivado e trabalhado com os alunos levando-os a acreditar e expressar sua arte e suas idéias, sobretudo a sua subjetividade, na sua forma própria de ver, reagir, sentir o mundo e sonhar (Paulo Freire)
É muito importante que mãe e pai mostrem seus princípios ao filho. Os pais que constantemente, e na prática, valorizam a honestidade, a lealdade, o respeito ao próximo, o sucesso através do trabalho dão aos filhos a certeza de que vale a pena cultivar essas qualidades.
No que diz respeito a esses valores, os pais devem ser firmes e coerentes. Mostre que a verdade sempre deve prevalecer sobre a mentira, que a justiça deve contrapor-se à mentalidade que prega a vantagem a qualquer preço. Todas as vezes em que os filhos (de qualquer idade) se mostrarem flexíveis quanto aos princípios, os pais devem conversar sobre o tema para demonstrar a necessidade da adesão total a esses princípios.
Por que dizer a verdade e rejeitar a mentira? Porque a pessoa que mente se enfraquece, cria laços com a angústia, com a ansiedade, com a insegurança e se torna vacilante no seu caminho de desenvolvimento humano. Educar com princípios é argumentar para que o filho entenda a razão pela qual precisa abraçar os valores.
A juventude é de fundamental importância para qualquer país, para qualquer organização. Não que a juventude tenha grandes experiências, mas a juventude é o grupo que renova, que questiona; é a juventude que capta as mudanças com mais facilidade. Estas mudanças que estão acontecendo na cultura, na sociedade. Qualquer país que não invista na juventude, não tem futuro. E o grande problema que eu vejo, no Brasil, na América Latina, por exemplo, é que não se investe na educação da juventude. Não há futuro para a Igreja, se também não investir na juventude. Então, para dar resposta a novos tempos, novas épocas, a juventude é futuro. Eu vejo, hoje em dia, uma juventude muito sofrida, mais do que em qualquer outra época. As famílias estão cada vez mais complicadas. Eu vejo nas periferias das grandes cidades a juventude com muitas cicatrizes emocionais, uma juventude muito controlada pela mídia. Toda a questão da sociedade de consumo, uma juventude diferente do que outras épocas. Por exemplo, tivemos nos anos 60 uma juventude revolucionária, uma juventude com vontade de construir uma sociedade nova, lutando por justiça, pelos oprimidos. Nos anos 80, a mesma coisa: uma juventude com uma consciência social. Hoje em dia você tem uma juventude mais voltada para os seus problemas pessoais. Em parte, por causa da mudança social, cultural. Mas, ao mesmo tempo, a juventude tem uma característica que a diferencia dos adultos, por exemplo, a juventude muda com muita facilidade. Então, com uma boa metodologia você consegue penetrar a casca do individualismo que está tão forte hoje em dia, e despertar a chama de idealismo que está dentro de todo o jovem.
·       O jovem de hoje não fica esperando o futuro em vez de criá-lo e construí-lo?
Essa é uma grande diferença de gerações anteriores. Se tem uma juventude freqüentemente que não tem sonhos, que vive muito o presente, quer ter sensações fortes, onde o importante são os sentimentos. Não toda a juventude. Mesmo hoje em dia, na Igreja e nos movimentos sociais o setor jovem é muito forte. Mas quando o jovem olha para a frente, a questão do emprego, de segurança, de ter uma vida digna, não é fácil. Por isso, eu vejo que a grande questão é a esperança. Se você não tem esperança, você se entrega, paralisa. E o desafio nosso é devolver aos jovens a esperança, ajudá-los a sonhar de novo. Agora, o jovem aprende a sonhar, a ter esperança, a ser uma força de transformação, de renovação, na medida em que ele vai se engajando em grupos, comunidades.
·       Então você tem esperança na juventude?
Eu tenho esperança na juventude porque eu trabalho com a juventude e vejo como a juventude que, num primeiro momento, está muito voltada para os seus interesses, que não está interessada no projeto do voluntariado, do serviço aos outros, de construir uma sociedade melhor, mas, num segundo momento, quando você oferece a essa juventude condições de sair do seu mundo limitado, ela responde. E eu vejo muita esperança nas organizações que trabalham com a juventude, que estão despertando a juventude. O segredo é como chegar, a metodologia. Você não pode estar com a cabeça de dez anos atrás. Não dá para chegar com discursos. Você tem que acolher. São vários elementos: a cultura pós-moderna, a questão pessoal, espaço para encontrar-se consigo mesmo, relações humanas, não ficar só no intelectual; você tem uma juventude que valoriza muito o simbolismo, o emotivo, a expressão corporal. Com a juventude tem que usar uma metodologia, uma estratégia que inclui muito a questão de projetos concretos, viáveis, que dão resultado, para criar uma motivação para o seu processo de crescimento. Uma das coisas que me assusta muito é a fuga dos adultos. Eu trabalho com juventude há 30 anos e eu nunca vi uma crise tão profunda em que os adultos não querem trabalhar com os jovens. E isso preocupa porque a juventude necessita da presença de adultos, pessoas que tenham uma experiência maior de vida, que vão servir de modelos, pessoas que podem oferecer acolhida, carinho, que o jovem não encontra em outros espaços na sociedade. Porque os jovens não vão ficar eternamente jovens. Um dia, serão adultos. Eu vejo a importância da Pastoral da Juventude que trabalha um espaço para os jovens, os grupos em que eles controlam a sua própria organização, que trabalha em cima de princípios, como o protagonismo dos jovens. Não trata o jovem como criança, como irresponsável. Coloca ele no comando, de protagonista do seu próprio processo de educação e do crescimento grupal. Nisso tudo é importante apresentar a pessoa de Jesus Cristo como modelo. Os jovens necessitam de modelos. Os meios de comunicação, por outro lado, apresentam ídolos, para vender coisas.

É discurso comum entre os pais e educadores que nossa juventude não tem mais ideais. Dizemos que vivem em um mundo de consumo, em que a mediocridade e a preguiça são estimuladas pelos controles remotos, e que tudo alcançam com um simples clicar de botões.
Esse discurso tem favorecido uma espécie de descompromisso nosso para com os jovens: eles são assim e quase nada podemos fazer, já que eles não respondem com generosidade às nossas grandiosas propostas de educadores.
Isso não é verdade! Os jovens de hoje, como os de todos os tempos, são imensamente generosos, criativos e heróicos. São capazes de morrer pelas causas em que acreditam. As manchetes de jornais assim o testemunham todos os dias. Vemos quantos morrem em acidentes em esportes radicais, quantos lutam entre si nos bailes funks, quantos se acidentam nas estradas em loucas corridas, quantos se alucinam no mundo das drogas, arriscando a saúde e a vida para não denunciarem os companheiros. São imensamente generosos.
Talvez nossa geração não tenha conseguido apontar ideais pelos quais esses jovens possam dedicar suas existências. Nós tivemos os nossos, mas não conseguimos trazer-lhes outros que significassem caminhos dignos de dedicarem as próprias vidas!
A educação escolar tem sido uma das grandes mentoras da criação de desafios para a juventude. Desafios que significam oportunidades para a apreensão do belo e da harmonia. Desafios que os ajudam a dar significado a suas vidas, a construir projetos de um futuro digno. Sabemos que é preciso mais, muito mais, para que se possa garantir compromissos verdadeiros com a construção desse futuro. Sabemos que, se fracassar nesse seu ambicioso projeto, a educação fará ruir muito mais do que os seus estatutos.
A exclusão da escola é uma forma perversa e irremediável de exclusão social, por negar o direito elementar de cidadania e por reproduzir, desse modo, o círculo da pobreza e da marginalidade, alienando qualquer perspectiva de futuro para crianças e jovens, vítimas desse processo. Por isso, é preciso desenvolver políticas de valorização dos professores, visando a melhoria das condições de trabalho e de salário, assim como é igualmente importante investir na sua qualificação, capacitando-os para que possam oferecer um ensino de qualidade, ou seja, um ensino mais relevante e significativo para os alunos. Para isso, é necessário criar mecanismos de formação inicial e continuada que correspondam às expectativas a curto e longo prazos, com objetivos claros, que permitam avaliar, inclusive, os investimentos.
Há um consenso, por outro lado, de que é preciso estimular, de fato, o envolvimento e a participação democrática da comunidade, empresas e dos pais nas diferentes instâncias do sistema educativo e, especialmente, criar mecanismos que favoreçam o seu envolvimento no projeto educativo das escolas.







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