O CAVALHEIRO DO ESCANDALO


O cavalheiro do escândalo

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“Quer saber o drama da minha vida?”, perguntou Oscar Wilde a André Gide. “O que coloquei na minha vida, foi o gênio; tudo que pus na minha obra foi o talento.” Hoje, embora Wilde seja lembrado como o homem que escandalizou a Inglaterra e meio mundo civilizado pela sua escancarada homossexualidade, sua reputação como escritor reside em obras-primas do teatro de comédia comoO leque de Lady Windermere e A importância de ser prudente (para usarmos as traduções mais comuns dos títulos dessas peças) e no seu único romance, O retrato de Dorian Gray, uma versão mais refinada de O médico e o monstro, de Robert Louis Stevenson. Sem esquecer os seus contos antológicos como “O fantasma de Canterville” e “O crime de Lorde Arthur Saville”. Ou o poema “A balada do cárcere de Reading”.
Oscar Fingal O’Flahertie Wills Wilde nasceu em Dublin, e seus pais já não eram dos mais convencionais. A mãe, Lady Jane Francesca Wilde (1820-1896), era poetisa e jornalista, que usava o pseudônimo Speranza. Ativista do movimento dos direitos femininos, era conhecida por fechar os olhos para as escapadelas amorosas do marido. O pai, Sir William Wilde, era antiquário, escritor e especialista em doenças do ouvido e do olho, tendo fundado um hospital um ano antes de Oscar nascer. Wilde estudou na Portora Royal School, em Enniskillen, no Trinity College, em Dublin, e no Magdalen College, em Oxford, onde foi aluno de celebridades intelectuais como Walter Pater e John Ruskin. Aos 13 anos, o gosto de Wilde em roupas poderia defini-lo como um dândi. Embora, quando criança, a mãe insistisse em vesti-lo como menina, pois queria uma filha.
Em Oxford, Wilde escandalizou os professores pela atitude irreverente para com a religião e foi ridicularizado por suas roupas excêntricas. Colecionava penas azuis e de pavão, suas calças de veludo à altura do joelho chamavam muita atenção. Formou-se em 1878 e se mudou para Londres. Com o lema de “arte pela arte”, tornou-se o porta-voz do esteticismo, o movimento que defendia a primazia do estético sobre tudo na vida. Trabalhou como crítico de arte (1881), fez conferências nos Estados Unidos e no Canadá (1882) – o que descreveu como missão civilizatória às colônias – e morou em Paris (1883).
Em 1884, Wilde se casou com Constance Lloyd (que morreu em 1898) e, para sustentar sua família, editou a revista Woman’s World. Em 1888, publicou O príncipe feliz e outras histórias, contos de fadas escritos para seus dois filhos. O Retrato de Dorian Gray foi o livro seguinte, de 1890. O casamento com Constance acabou em 1893. Wilde encontrou seu Dorian Gray verdadeiro alguns anos antes, Lord Alfred Douglas (apelidado “Bosie”), atleta e poeta, que virou o amor da sua vida. “O único jeito de se livrar de uma tentação é ceder a ela”, disse Wilde.
Publicado inicialmente pelo Lippincott’s Magazine, em 1890 e, com seis capítulos a mais em forma de livro, em 1891, O retrato de Dorian Gray tem algumas semelhanças com a vida de Wilde. Em Oxford, ele se tornou amigo íntimo do pintor Frank Miles, e do esteta homossexual Lord Ronald Gower. Ambos aparecem representados em Dorian Gray. Na história, como se sabe, o cavalheiro vitoriano Dorian vende sua alma para manter a beleza e a juventude; o tentador é Lord Henry Wotton, que vive pelo prazer amoral. Dorian começa a fazer maldades, arruina vidas, provoca o suicídio de uma garota e assassina Basil Hallward, o pintor do seu retrato, sua consciência. Aí, embora Dorian conserve a juventude, o retrato envelhece e registra todos os malefícios, mostrando uma imagem monstruosa de Gray. No final, o mal é castigado. Quando o protagonista destrói o quadro, seu rosto se transforma numa réplica da pintura e ele morre.
No teatro, Wilde fez seu maior sucesso entre 1892 e 1895, com uma série de peças muito populares. O Leque de Lady Windermere (1892) punha em cena uma divorciada chantagista levada ao auto-sacrifício pelo amor materno. Uma mulher sem importância (1893) tinha um filho ilegítimo dividido entre a mãe e o pai. Um marido ideal (1895) tratava da chantagem, da corrupção política e da honra pública e pessoal. A importância de ser prudente (1895) é um exercício de comédia de costumes: John Worthing (que prefere se chamar Jack) e Algernon Moncrieff (Algy) são dois jovens e elegantes cavalheiros. John conta que tem um irmão chamado Ernest, mas na cidade, John é conhecido como Ernest e o próprio Algernon também finge ser Ernest.  Gwendolen Fairfax e Cecily Cardew são duas moças cortejadas pelos dois. Gwendolen declara que ela nunca viaja sem seu diário porque “sempre se deve ter algo sensacional para ler no trem”.
Antes do êxito teatral, Wilde produziu vários ensaios. Uma das frases famosas: “Qualquer um pode escrever um romance em três volumes, isso exige simplesmente uma ignorância completa da vida e da literatura.” Nesse setor, destacam-se A decadência da mentira (1889) e O crítico como artista(1890). Neste, Wilde deixa seu personagem afirmar (é um diálogo) que a crítica é a parte superior da criação e que o crítico não deve ser justo, racional e sincero, mas possuído por um “temperamento estranhamente suscetível à beleza”.
Embora casado e pai de duas crianças, muito se falou sobre a vida pessoal de Wilde. Seus tempos de fama acabaram quando sua ligação íntima com Alfred Douglas levou a um processo por homossexualismo (então ilegal na Grã-Bretanha). Ele foi condenado a dois anos de trabalhos forçados pelo crime de sodomia. Durante seu primeiro processo ele se defendeu pessoalmente afirmando que “o amor que não ousa dizer seu nome” era um grande afeto de um homem mais velho por um jovem, assim como foi o de Davi e Jônatas, que Platão fez disso a base da sua filosofia e que pode ser encontrado nos sonetos de Miguel Ângelo e Shakespeare. “Nisso não há nada de antinatural.” No processo e no tempo em que Wilde cumpriu sua sentença, Bosie ficou ao lado dele, embora o escritor se sentisse traído. Depois se encontraram em Nápoles.
Wilde ficou primeiro na prisão de Wandsworth, em Londres, e depois no “cárcere de Reading”. Quando, após mais de um ano e meio de proibição, pôde ter caneta e papel, Wilde escreveu De Profundis, monólogo dramático e autobiográfico, que dirigiu a Alfred Douglas. Após ser libertado em 1897, Wilde adotou o nome de Sebastian Melmoth, em Berneval, perto de Dieppe, na França, depois em Paris. Escreveu “A balada do cárcere de Reading”, revelando as condições desumanas da prisão. Diz-se que, no seu leito de morte, Wilde se converteu ao catolicismo. Morreu de meningite cerebral em 30 de novembro de 1900, falido, em um hotel barato de Paris, aos 46 anos. (GGF)

La bellezza salverà il mondo


Tzvetan Todorov: La bellezza salverà il mondo

L'ultimo libro del linguista e saggista bulgaro attraversa la vita tragica di Wilde, Rilke e Cvetaeva, rappresentanti perfetti del decadentismo della cultura europea
Si tratta di una delle frasi più celebri della storia della letteratura mondiale, fatta pronunciare da Dostoevskijal protagonista de L’Idiota, il principe Miškin. Con fiducia smisurata nei confronti dell’arte, l’idiota sostiene che “La bellezza salverà il mondo“.
Si tratta di una frase apparentemente semplice, ma che invece è riflesso di un’intera epoca, di una sensibilità tipica del passaggio alla modernità, di un’orizzonte filosofico letterario e artistico pronto a lasciarsi alle spalle i sistemi assoluti fondati su valori universali.
Siamo a ridosso della nietzscheana “morte di Dio”, e non a caso Nieztsche è fratello di sangue di Dostoevskij e interprete geniale di un’intera epoca; se la frase dostoevskijana conteneva una mistica speranza nei confronti della redenzione, nei termini del filosofo tedesco le cose stanno altrimenti, perchè per quanto l’arte tenti di dare ordine e forma al pathos dionisiaco della vita, e perciò la bellezza apollinea tenti di dare senso all’esistenza, essa non riuscirà mai a contenere e nientificare completamente la coscienza del dolore cosmico che tanto tormentava gli animi degli scrittori e filosofi a partire dall’Ottocento.
Questo è il fondo sul quale si staglia l’ultimo splendido volume del filosofo e saggista russo Tzvetan Todorov, dal titolo, appunto, La bellezza salverà il mondo. Wilde, Rilke, Cvetaeva. Per l’autore, quel paradosso costitutivo tra bellezza e disperazione, tra anelito all’assoluto e inevitabile fallimento esistenziale, accomuna i tre autori del titolo, non a caso pressocchè coetanei e soprattutto personaggi esemplari di quella dimensione culturale e spirituale che attraversava l’Europa alla fine del XIX secolo, dall’Inghilterra alla Russia, passando per la Germania.
L’uomo, in ogni epoca e condizione, si è sempre rivolto all’assoluto, nel tentativo di appagare la propria limitatezza in un pieno appagamento trascendentale, che esso sia rappresentato da Dio, dalle ideologie politiche, o dalla bellezza. Era proprio la bellezza quella divinità che Wilde, Rilke e Cvetaeva inseguivano disperatamente attraverso la loro arte. Il libro di Todorov dimostra però , con un’attenta ricostruzione delle loro tragiche vicende, come sia sempre inevitabile la sconfitta da parte dell’uomo che ambisce a superare i suoi stessi limiti, e in questo si respira la presenza dell’altro referente fondamentale, ovvero Arthur Schopenauer. Per quegli scrittori, l’arte, la poesia, la letteratura non bastavano alle loro passioni divoranti, alle loro anime mai sazie e abbagliate dall’Assoluto. E questo è il tragico della condizione umana: in Oscar Wilde, il culto della bellezza e dell’amore (anche nei confronti di se stesso) degenererà nella malattia psichica (”Solo l’amore, e più specificatamente l’amore sacrificale, che sembra essere il suo destino, può spiegare ciò che costituisce il vero enigma dell’esistenza di Wilde, il precipitare verso la propria rovina, la distruzione accanita del proprio benessere“); Rainer Maria Rilke concluderà la sua esistenza in preda alla depressione, mentre la peotessa Marina Cvetaeva arriverà all’estremo del sucidio in nome della perfezione. Questi «avventurieri dell’assoluto» sacrificarono la loro vita per l’arte, e non è in dubbio che i tre lasciarono all’umanità un patrimonio artistico sublime e irripetibile, ma l’interrogativo di Todorov è relativo al rapporto tra arte e vita e a quale sia il segreto di un’ “arte della vita”: “Se l’arte non è altro che la rivelazione del mondo e della vita, non è più possibile, come volevano i romantici nelle loro dichiarazioni programmatiche, contrapporre arte e vita“, con tutto ciò che ne consegue.
Il libro pubblicato da Garzanti, tradotto da Emanuele Lana, si aggiunge a numerosi altri titoli del filosofo bulgaro, in Francia da diversi anni come direttore di ricerca del Centro Nazionale della Ricerca Scientifica di Parigi (CNRS) e ha insegnato in America a Yale, Harvard, Columbia e Berkeley per diverso tempo. I suoi primi lavori, orientati nell’ambito del formalismo russo (I formalisti russi. Teoria della letteratura e del metodo critico, 1968 e Teorie del simbolo, 1984) hanno lasciato spazio a saggi di natura antropologica come La conquista dell’America (1984) e Noi e gli altri (1989). Nel corso degli anni ha dedicato diverse opere al tema dei lager nazisti e dei gulag sovietici. Tra i libri pubblicati da Garzanti, ricordiamo Memoria del male, tentazione del bene (2001), Il nuovo disordine mondiale (2003) e La paura dei barbari. Oltre lo scontro delle civiltà (2009).
Uno dei più grandi pensatori ancora viventi, per un libro non solo profondo ma soprattutto avvincente, rivolto a un largo pubblico al di là degli specialisti di teoria del linguaggio, per riflettere a partire dal racconto della vita estrema di alcuni spiriti insoddisfatti e tormentati.

Pra se pensar ....

Desespero anunciado

Desespero anunciado Para que essa agonia exorbitante? Parece que tudo vai se esvair O que se deve fazer? Viver recluso na pr...