Delírios
A fantasia e o futuro são fascinantes
porque permitem os delírios, sem compromissos.
Espaçando os lixos que acumulei e
descartando o que não agrega à minha escolha atual.
Fazer uma opção a cada dia é renovar
o objetivo, não é negar a opção fundamental.
Um ser finito como pode acolher o
infinito? Como direi para sempre se sou sujeito ao tempo.
O que é o tempo? Engano e
autoengano, mania de deixar transcorrer as coisas sem direção.
Os acontecimentos são inevitáveis,
mas podemos escolher a forma como eles sucedem.
Talvez seja muita loucura querer
encarar a realidade como autorreferência e dar-lhe sentido.
Delírio mesmo é sonhar um mundo
apaziguado, quando se tem negação até do obvio.
Refletir sobre essa aventura na
terra não resolve, todos sabemos, mas oferece um paliativo.
Usa-se armas inadequadas para
construir guerras até então impensadas.
Aproveitam de situações inusitadas e
recorrem em benefícios dos próprios caprichos.
Como é triste viver para dar
satisfação. Não seria essa uma forma moderna de escravidão?
Escondem-se num camuflagem chamada
autoconsciência para fugir do realismo da vida.
A autorreferência como critério de
verdade é liberdade ou afirmação forçada de si mesmo?
Estou delirando em querer um mundo
realista. As pessoas preferem o autoengano e os falsos elogios, a educação e a o egoísmo não preparam para encarar a vida,
mas para fugir dela.
Geralmente as pessoas não se sentem confortáveis
em falar da doença e da morte. Por que?
A doença evidencia a fragilidade e a
falta de controle da pessoa consigo mesma.
Tudo o que sou e o que construí é o
que mesmo? E os devaneios e delírios a que servem?
E a morte? É algo totalmente fora de
mim. Não tem autorreferência, para que lembrar?
Ela chega assim mesmo, sem pedir
licença e sem levar em conta a autossugestão da pessoa.
Delírios são delírios, ideias
inacabadas ou pensamentos que se arrogam um lugar no mundo.