“Ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa-Nova a toda a criatura!” (Mc 16,15).
A Igreja existe para evangelizar. Em meio às alegrias e esperanças, tristezas e angústias do ser humano de cada tempo, notadamente dos que sofrem (cf. GS, n. 1), ela anuncia, por palavras e ações, Jesus Cristo, Caminho, Verdade e Vida (cf. Jo 14,6).
Para cumprir sua missão, a Igreja, impulsionada pelo Espírito Santo, acolhe, reza a Palavra que salva, escuta os sinais dos tempos, revê práticas pastorais e discerne objetivos e caminhos.
As Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora, a expressão desta incessante atividade missionária da Igreja no Brasil, são a tentativa de escutar os sinais dos tempos e os desafios que neles se manifestam.
As Diretrizes aprovadas na 49ª Assembleia dos Bispos do Brasil desejam ser uma resposta aos desafios que emergem em nosso tempo de transformações radicais na totalidade da existência, que, às vezes, geram perplexidade, ameaçam a vida em suas diversas formas e levam o ser humano a se afastar dos valores do Reino de Deus.
As Diretrizes apontam um desafio imenso, pois, em cada indicação, pedem o esforço de não nos assustarmos diante das transformações, mas, confiantes no Crucificado-Ressuscitado que tudo venceu, olharmos para o Horizonte novo, assumindo corajosamente o que a graça de Deus nos pede para os dias de hoje.
Assim, voltados para o Senhor (Cap. 1), as Diretrizes não tiram os pés do chão da realidade (Cap. 2). Ao contrário, identificam as urgências (Cap. 3) e propõem caminhos para seu enfrentamento (Cap. 4). Em espírito de comunhão, oferecem, por fim, indicações para que as urgências sejam concretizadas nos planejamentos das Igrejas particulares (Cap. 5).
São cinco as urgências apontadas: Igreja em estado permanente de missão; Igreja: casa da iniciação cristã; Igreja: lugar de animação bíblica da vida e da pastoral; Igreja: comunidade de comunidades; Igreja a serviço da vida plena para todos. Elas indicam um modo pedagógico de expressar um único e grande passo ao qual toda a Igreja é chamada em nossos dias: reconhecer-se em estado permanente de missão. Isso implica o anúncio e o re-anúncio de Jesus Cristo, possibilitando aos que não O conhecem ou que d’Ele se afastaram ouvir o núcleo da Boa Nova da Salvação. Aproximar Jesus Cristo do coração de pessoas e grupos implica, por sua vez, aproximar também a comunidade dos discípulos missionários, construindo e fortalecendo uma intensa rede de comunidades cada vez mais próximas dos lugares onde as pessoas vivem, se alegram e sofrem. Em tudo isso, a Igreja no Brasil se reconhece comprometida com a vida, em todas as suas manifestações, especialmente a vida ameaçada.
Como partes de um único passo, as urgências necessitam ser assumidas em seu conjunto, não cabendo, durante os planejamentos locais, a escolha de uma ou outra. Todas são igualmente urgências. Optar por algumas e postergar outras significa afetar o conjunto.
As Diretrizes são um convite para que toda pessoa batizada, como discípula-missionária, assuma o mandato de Jesus Cristo: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa-Nova a toda a criatura!” (Mc 16,15). Elas poderão testemunhar a Boa-nova na medida em que cada Igreja Particular visibilizar as Diretrizes através dos planejamentos pastorais, do plano pastoral.
Através das cinco urgências, a Igreja do Brasil caminhará na mesma direção. Nos planejamentos locais, a partir das
Diretrizes, as urgências se concretizarão em cada um dos específicos contextos. Ficam, assim, respeitadas duas características
indispensáveis da Igreja: a unidade e a diversidade.
Nestes tempos em que ainda estamos aprendendo a saborear as riquezas da Conferência de Aparecida, celebrando o Jubileu de Ouro do Concílio Vaticano II e nos preparando para o Sínodo sobre a Nova Evangelização, reafirmamos que estas Diretrizes foram elaboradas no desejo de que, cada vez mais, se creia que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, se tenha a vida em seu nome (cf. Jo 20,31).
Quer no acolhimento destas Diretrizes, quer nos planejamentos subsequentes, haveremos de reconhecer que o ponto de partida será sempre o testemunho: “O homem contemporâneo escuta com melhor boa vontade as testemunhas do que os mestres; ou, então, se escuta os mestres, é porque eles são testemunhas”.
Sejamos, pois, testemunhas do Ressuscitado. É para isso que Ele nos envia.
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