CULTURA E NOVAS RELIGIÕES
As
últimas palavras do Senhor Ressuscitado a seus discípulos se referem à missão
que deve estender-se até os confins do
mundo: "Ide pelo mundo inteiro e fazei discípulos a todas as gentes,
batizando-as ... e ensinando-as a guardar tudo o que eu os mando" (Mt
28,19; At 1,8). O cristianismo entrou no mundo tendo consciência de sua missão
universal. Os que acreditaram em Jesus
Cristo souberam desde o primeiro momento que tinham o dever de transmitir sua
fé a todas as gentes; viam na fé um bem
que não lhes pertencia unicamente a eles, mas que todos tinham o direito a ela. Não levar o recebido
até o último canto do mundo seria uma enorme falta de responsabilidade. O ponto de partida do universalismo cristão não
esteve baseado na ambição de poder, mas na certeza de ter recebido o conhecimento que salva e o
amor que redime, e isso todos os homens tem direito e espera no mais profundo
de seu ser. Assim o cristianismo teve a necessidade interna de entrar em outras
culturas, outros povos, outras religiões.
A
cultura é a expressão coletiva e historicamente desenvolvida dos
conhecimentos e valores que marcam a vida de uma comunidade.
a)
a cultura tem a ver com
conhecimentos e valores. É uma tentativa de compreender o mundo e a
existência do homem dentro dele.
b)
A cultura, em sentido clássico, compreende a superação do visível, do
aparente, e é por isso, no seu núcleo,
uma porta aberta para o divino. Na cultura cada um se supera a si mesmo para poder descobrir-se parte de um sujeito
coletivo maior.
c)
A comunidade avança com o tempo, e, por isso,
a cultura tem a ver com a história. A cultura se desprega ao longo de seu
caminho mediante o encontro com uma nova realidade e a elaboração de um
novo conhecimento.
A cultura
moderna se caracteriza pela centralidade do homem; os valores da
personalização, da dimensão social e da convivência; a absolutização da razão,
cujas conquistas científicas e tecnológicas e informáticas têm satisfeito
muitas das necessidades do homem, já que têm buscado uma autonomia diante da
natureza, a que domina; frente à história, cuja construção ele assume; e ainda
frente a Deus, do qual se desinteressa ou resume à consciência pessoal,
privilegiando a ordem temporal exclusivamente.
Desafios da
cultura moderna aos quais temos que enfrentar:
ð
ruptura entre fé e cultura
ð
escassa consciência da necessidade de uma
inculturação para a evangelização
ð
incoerência entre os valores do povo e as
estruturas sociais
ð
o vazio ético e o individualismo reinante
ð
o poder massivo dos meios de comunicação
ð
a escassa presença da Igreja no universo das
culturas
ð
a nova cultura urbana, com suas variadas
expressões e valores.
Linhas pastorais a serem seguidas:
ð
apresentar Jesus como modelo de toda atitude
pessoal e social e como resposta aos problemas que afligem à culturas modernas:
mal, morte, falta de amor;
ð
intensificar o diálogo entre fé e ciência, fé e expressões,
instituições, que são grandes âmbitos da cultura moderna.
ð
Cuidar dos sinais e da linguagem cultural que
assinalam a presença cristã pois ajudam a introduzir o Evangelho no coração das
culturas.
O PLURALISMO
RELIGIOSO COMO DESAFIO E CHANCE
A
situação inédita do atual pluralismo religioso, observada em várias partes do
mundo, ainda que com intensidades variadas e matizes próprios, vem sendo
estudada a partir das mais diversas óticas.
Ao abordá-la desde uma perspectiva católica reconhecemos de antemão o
valor central e único dos dados constitutivos da fé cristã para nossa análise e
reflexão. De fato foi a fé cristã que desencadeou e acompanhou, apontando-lhe
campos de interesse e oferecendo-lhe marcos doutrinais e critérios de valor.
A Igreja Católica e a diversidade
religiosa: a multiplicidade de religiões, tão antiga como a
própria humanidade, está atingindo nos últimos tempos a Igreja no Brasil. O
catolicismo vê-se rodeado de "concorrente" numa incômoda situação
parecendo um <>. Este fato pegou a
Igreja como que despreparada, devido a hegemonia dos tempos anteriores,
suscitando insegurança, indiferença religiosa, êxodo para outras crenças.
Aparecem fenômenos tom sagrado, esotérico, como "New Age", provocando
confusão, já que usam símbolos cristãos. O grande número de pessoas que não
sabem bem o que quer e freqüentam mais de uma religião. As nossas influências
européias, ameríndios, afro-americanos, elementos do Vat. II, Renovação e da Teologia da Libertação. Estamos diante de
um desafio inédito.
1)
Marcos
teóricos para as opções pastorais: recuperar a consciência da
atual situação através de esclarecimento entre fé e religião, do primado da
experiência salvífica com Cristo e reconhecer o valor salvífico das religiões
(diálogo inter-religioso).
2)
O atual
contexto sócio-religioso: a sociedade moderna é pluralista, com
multiplicidade de fontes de sentido, de
leituras da realidade, concorrendo entre si, relativizando-se e
enfraquecendo-se mutuamente. As mudanças que hoje ocorrem são rápidas e
extensas. Assim, os símbolos e ritos perdem a sua ligação com as
instituições e sem raiz em grupos e
comportamentos específicos, não mais expressam a vida da comunidade de fé. O
homem experimenta uma necessidade de "crer", mas tudo é relido na
perspectiva subjetiva e afetiva,
caracterizando a produção religiosa da modernidade. Rotula-se de religião os
mais contraditórios fenômenos; terapias psicológicas, expansão da mente,
técnicas de meditação, libertação interior, integração com a natureza e com o
cosmo. O atual fenômeno religioso tende a acentuar uma leitura funcional das
religiões, a saber, o que elas proporcionam ao homem e à sociedade. A religião
não deve depender da demanda da clientela, pondo em risco sua identidade e sua
verdade, ao adaptar interesseiramente seus conteúdos e sua práticas visando à
conquista de um público maior.
3)
Que ação
pastoral?: (CNBB 62, 68,69 e 71) - Colocar a experiência salvífica no encontro
com Jesus Cristo como objetivo prioritário da ação da Igreja; as mudanças devem
visar a pessoa humana, por quem Jesus deu sua vida, mas ainda precisa de uma experiência plenificante deste amor
de Deus; enraizar as expressões cristãs na vida cotidiana dos contemporâneos; eliminar a distância entre fé e vida; incentivar comunidades de convivência cristãs; trabalho de formação
cristã, por meio de uma autêntica
conversão pessoal. Valorizar o referencial católico no que há de específico.
Amor à Eucaristia, devoção à Nossa Senhora, apreço pela pessoa do Papa. Somente
uma fé encarnada na vida cotidiana, por meio da experiência salvífica com Jesus
Cristo pode nos fazer superar a confusão religiosa da atualidade.
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