Todos somos invisíveis?
Por. P.
Jorge Ribeiro
Estamos
numa busca desenfreada de visibilidade e estamos todos nos tornando invisíveis.
E qual é a razão de tudo isso? Perdemos o essencial e nos concentramos nos
detalhes? Além da invisibilidade social, especialmente dos marginalizados e dos
considerados da classe da minoria, a invisibilidade também é disfarçada de
preconceito, intolerância e de indiferença. Muitos trabalhadores ou categorias,
em algumas vezes, quase nem são considerados humanos, são vistos apenas pelas
funções que executam. Essa humilhação social que se alastra e perdura nos
nossos dias, está tomando outras proporções, dado que pessoas comuns estão se
tornando invisíveis, como forma de sobrevivência e de superação da
insignificância a qual são submetidas. Com a perda da hegemonia das classes e
autoridades e com o relativismo globalizado, muitas pessoas fazem de tudo para
escapar da síndrome de invisibilidade. Alguns apelam ao anonimato das redes e
se disfarçam de importantes, outros se alienam em grupos políticos e religiosos
e outros ainda se autopublicizam para
se sentirem importantes e visíveis. O mundo atual é cruel e sensacionalista, de
modo que os que são colocados no pedestal da visibilidade, por um nada são jogados
no ostracismo da invisibilidade. No fundo somos todos invisíveis, porque o
sentido para existência passa além do reconhecimento e tudo continua se
movimentando independentemente da nossa atuação. Talvez essa consciência de que
somos ignorados nos leve a nos sentirmos impotentes e sempre fazermos algo para
sermos notados, mesmo que isso seja revelando as coisas pessoais, publicando os
próprios segredos. A ostentação e a vaidade pueril é a escamoteação que usamos
como meio de superar essa necessidade de reconhecimento e como modo de sermos
inseridos nesse grande teatro das aparências. Por um lado tem as categorias que
são relegadas à invisibilidade social e que nós mesmos marginalizamos e, do
outro lado, todos nós nos sentimos assim invisíveis, inúteis, dispensáveis e relativos
ao mundo circundante. A banalização e a despersonalização da vida leva a essa
perda de sentido e, ao mesmo tempo, a uma busca desenfreada de reconhecimento,
que gera intolerância, violência e corrupção. Como superar essa fenda social e
antropológica? Oferecendo igualdade de oportunidades e considerando os outros
em igual dignidade? Tomando consciência da nossa pequenez e que os nossos
limites fazem parte da nossa estrutura humana? Ou nos contentarmos que não passamos
de um sopro? A felicidade não é uma questão de visibilidade e sim de auto
aceitação. O que queremos é ser feliz, não é verdade?
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