O começo de
Deus
Marcia Sa Cavalcante:
vozes, Petrópolis 1997.
A ontologia do começo ou a liberdade do
fundamento (cap. 3, 117-163)
O que é filosofar
quando o ser é já dado?
De onde vem ou
provem o ser e como ele se determina como ente?
Quais a delimitações
da filosofia negativa?
Pode-se dar o
apreender do devir?
Pode-se pensar o
ser ou o ente sem um começo?
Por que no
absoluto passado e começo se coincidem?
Qual a diferença
na concepção do começo entre a filosofia positiva e a filosofia negativa?
Qual o papel da
liberdade na ontologia do começo?
O que vem a ser um
saber-da-liberdade?
Que relação existe
entre começo, devir e fatalismo?
Até que ponto
conhecer é pertencer?
Como se concilia
necessidade e liberdade?
Ser e não-ser
podem ser concebidos simultaneamente?
Qual o limite da
liberdade e a autonomia do pertencimento?
Existe
continuidade entre liberdade e possibilidade de?
Começar significa
ter a possibilidade de, mas existir significa devir no tempo, como conciliar
principio e ser como alguma coisa?
Como Deus pode
criar se Ele é o inteiramente outro, o excluido do outro?
Objetivando o ser
não se tem o risco de determinar o seu fim?
Na aporia do
começo, como se explicita a distinção entre fundamento, causa e fatalismo e
liberdade?
Quem meditou sobre a liberdade e a necessidade descobriu por
si que estes princípios têm se ser unificados no Absoluto – a liberdade porque
o Absoluto age por potência autônoma incondicionada, a necessidade porque,
justamente por isso, Ele só age em conformidade com as leis do seu Ser, com a
necessidade interior da Sua Essência. Nele não há mais nenhuma vontade, que
poderia se afastar de uma lei, mas, também, nenhuma lei mais, que Ele não desse
a Si mesmo apenas por Suas ações, nenhuma lei que, independentemente de Suas
ações, tivesse realidade. Liberdade absoluta e necessidade absoluta são
idênticas.
Onde há liberdade absoluta, há bem-aventurança absoluta, e
inversamente. Mas, com a liberdade absoluta, também não é mais pensável nenhuma
autoconsciência. Uma atividade para a qual não há mais nenhum objeto, nenhuma
resistência, nunca retorna a si mesma. Somente pelo retorno a si mesmo surge
uma consciência. Somente uma realidade limitada é efetividade para nós. Onde
cessa toda a resistência há extensão infinita. Mas a intensidade da nossa
consciência está na proporção inversa da extensão do nosso ser. O momento mais
alto do ser é, para nós, passagem ao não-ser, momento de anulação. Aqui, no
momento do ser absoluto, a suprema passividade unifica-se com a mais ilimitada
das atividades. A atividade ilimitada é... calma absoluta, epicurismo perfeito.
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