RELAÇÕES DE
CONHECIMENTO ENTRE FÉ E RAZÃO
Fernando dos Santos Andrade
Aluno do 4°
período de Filosofia do UnilesteMG
Prof. Ms. Ismar Dias de Matos
Professor Mestre
em Filosofia do UnilesteMG
RESUMO
O homem é um ser que, por
natureza, deseja superar todas as suas capacidades. Ele procura desvendar os
profundos mistérios que circundam a vida. A razão o auxilia metodicamente na
descoberta desses mistérios. A fé o ampara quando não obtém respostas precisas
a partir da experiência realizada. A fé
e a razão, conciliadas, fazem do homem um ser realizado que pode melhorar a si
e sua sociedade.
Palavras-chaves: Fé,
razão, homem, conhecimento, verdade.
RESUMEN
El hombre es un ser, que por naturaleza, quiere superar toda
sus capacidades. Él intenta desmascarar los misterios profundos que rodean la
vida. La razón lo ayuda metodicamente en el descubrimiento de los misterios. La
fe lo ayuda cuando ellos no obtienen respuestas precisas que provienen de la
experiencia realizada. La fe y la razón, conciliadas, hacen del hombre un ser que puede mejorar a si mismo y a su sociedad.
Palabra-Importante: Fe, razón, hombre, conocimiento,
verdad.
INTRODUÇÃO
Este artigo é uma reflexão sobre
o binômio fé e razão e seguirá as seguintes linhas de pensamento: A humanidade
caminha de acordo com o desenvolver da razão que acontece de forma mais
concreta através da Filosofia, da
ciência e seus avanços. A fé, por sua vez, é a grande iluminadora para os
momentos nos quais a razão não encontra resposta para determinadas crenças
humanas. Vê-se explicitamente que o homem é um ser que almeja pelo conhecimento
e um ser que vive de crenças. Durante a Idade Média, mais precisamente no
período da Escolástica, a discussão foi muito acirrada sobre este tema.
Esta reflexão está fundamentada
no que foi argumentado pelo pensador aristotélico, Santo Tomás de Aquino e João Paulo II, tomista contemporâneo. Ambos
querem provar que a razão e fé precisam caminhar juntas, pois o homem delas
precisa para dar crédito ao que por ele for investigado.
DESENVOLVIMENTO
Desde os primeiros séculos da era
cristã, pensadores têm-se debruçado sobre a
questão da conciliação entre fé e razão. Muito foi e tem sido discutido
sobre o assunto, mas ainda observa-se que existem dúvidas relacionadas à
importância de ambas para o desenvolvimento da humanidade. Trazendo à tona o
assunto, o papa João Paulo II, em 14 de setembro de 1998, promulgou para os
bispos da Igreja Católica a carta encíclica “Fides
et Ratio” (Fé e Razão), que tem como
finalidade “fazer com que os formadores de opinião (cientistas, filósofos e
teólogos) se empenhem na busca de uma Filosofia que tenha como objetivo
harmonizar fé e razão, para dar ao homem contemporâneo as condições de
responder aos apelos mais profundos de sua existência.” Nota-se que os homens
da pós-modernidade estão cada vez mais inseguros no que diz respeito ao
conhecimento de si. Perguntas como: “Quem é o homem? De onde vem e para onde
vai?” demonstram desde as mais remotas épocas um profundo anseio do
conhecimento que o homem tem por si e por seu Criador. A fé e a razão devem,
pois, ajudar o homem a encontrar o sentido necessário para sua existência e
alcançar a verdade.
O papa inicia a
encíclica afirmando: “A Fé e a Razão constituem como que duas asas pelas quais
o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade.” (João PauloII.
Fidelis et Ratio. P.5) Constata-se que um pássaro ou um avião não levanta vôo
somente com uma das asas. As duas asas são essenciais para o vôo acontecer. Da
mesma forma, fé e razão são de suma importância para que o homem encontre a
verdade e possa também encontrar a si mesmo. É pelo uso correto da razão que os homens se descobrem e se
realizam, encontram o sentido para existirem. Lembremo-nos da máxima do
filósofo Sócrates “conhece-te a ti mesmo”.
Esse conhecimento de sua própria pessoa levará o homem a ver-se distinto de
outros seres, pois é um conhecimento inerente ao homem, único ser criado que
possui a capacidade intelectiva. A razão lhe confere grande potencial de
conduzir a si e aos outros. A procura pela verdade, que somente pode ser obtida
com o auxilio da razão, faz do homem um ser que não se satisfaz facilmente e
procura sempre mais abarcar os mais recônditos mistérios da verdade.
Segundo o grande expoente da
Filosofia Escolástica, Santo Tomás de Aquino (1225-1274): “a razão é uma ajuda
propícia para conhecer
mais facilmente determinado objeto e com maior certeza aquelas verdades
que, por si, estão agrupadas, e para tornar-lhe acessíveis àquelas verdades
sobrenaturais que superam toda a sua capacidade.” (Batista Mondin. O Humanismo
Filosófico de Tomás de Aquino. P.3)
Santo Tomás de
Aquino reconhece a autonomia da razão, mas não admite o fato de que ela sozinha
seja capaz de penetrar nos mistérios de
Deus, apesar de ser Ele a sua finalidade.
O Doutor
Angélico não faz uma exclusão total da razão. Ele a vê como uma luz concedida
por Deus ao homem, para que este alcance a
“ciência do bem e do mal.” (Ibidem p.21)
De fato, o ser
humano foi criado por Deus com uma grande capacidade reflexiva que o permite
elaborar metodicamente pensamentos com
os quais conduz a humanidade para onde quer, levando-a a um progresso profícuo
ou a um retorno ao caos.
A fé é o ato de
assentir algo que não é evidente, que não está explícito. Destarte, é racionalmente
aceita se fundamentada com premissas coerentes. A fé proporciona a razão a
obter com maior agilidade e credibilidade o seu objetivo, a verdade. Por mais
que a razão se esforce para provar determinadas proposições, somente a fé é
capaz de lhe conceder a aceitação de que não pode obter tudo o que quer.
A razão orienta
a ciência para a tentativa de descobertas de questões emergentes que se afloram
ao longo do desenvolver da humanidade. A fé é para os que crêem uma luz que os
ilumina em momentos difíceis, fazendo-os aceitar que muitas questões o homem
não é capaz de solucionar.
Não deve haver oposição
entre a razão e a fé. A razão é uma obra do criador inerente ao homem e a fé é
um dom que o criador lhe concede. A razão e a fé possuem seus objetos de conhecimentos
específicos. A razão realiza a ciência com descobertas, nutrindo o intelecto, e
a fé nutre a vida espiritual do homem. A razão conduz o homem ao conhecimento
das leis naturais do cosmos, e a fé o conduz para a transcendência do
sobrenatural. A razão requer provas, a fé requer aceitação. O Cristianismo,
desde há muitos séculos, busca as luzes da razão para ver melhor o mistério da
fé. A razão não pode caminhar sem a fé, pois, onde a razão humana não consegue
com toda sua capacidade abarcar determinado mistério, a fé se infiltra como uma
luz a iluminar e a orientar o homem, fornecendo respostas não compreendidas
racionalmente.
Não basta somente crer; urge
também que se compreenda a fé. Não se utiliza a razão para acreditar numa verdade de forma cega e meramente
inerte. É preciso demonstrar com a razão as verdades professadas pela fé. Para
tal demonstração é preciso uma lógica, uma coerência com os princípios essenciais da razão.
O homem não pode
perder o anseio de investigação do saber; precisa estar sempre construindo e se
abrindo a novos meios para o alcance da sabedoria. Novos horizontes para a
construção do conhecimento devem ser explorados, principalmente quando a
intenção é o progresso e o bem estar da humanidade. O desejo de alcançar a verdade
não pode ser menosprezado e, sim, deve receber apoio de todos que confiam no
homem como um agente capaz de transformação. Mesmo quando a intenção é provar
algo que transcende os limites do conhecimento, o homem deve ser incentivado a
continuar investigando. É preciso que as pesquisas orientem o homem para a
verdade última do sentido das coisas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considera-se que é óbvia a importância do conhecimento para o
progresso da humanidade. Nota-se a
grande valia do conhecimento para a
compreensão da fé. É a razão que fornece ao homem a fundamentação para o bem
acreditar e é o bem acreditar que faz com que o homem procure cada vez mais
incansavelmente a verdade. Mesmo sendo fatigante a construção do conhecimento,
o homem não pode parar, pois o anseio pela verdade é uma característica
imprescindível da pessoa humana.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MONDIN, Battista. O Humanismo filosófico de Tomás de Aquino. Tradução de Antônio Angonese. Bauru:
EDUSC, 1998. 39 p. (Coleção Essência)
PAULO II, João. Fides et Ratio: Sobre as relações entre
fé e razão. São Paulo: Paulus, 1998. 141 p.5.
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