Do medo
O
medo é triste, o medo é medonho, a coisa que mais tenho medo é do mesmo medo. O
medo é horrível, o medo mete medo, somente de pensa-lo já estou amedrontado.
Quero fugir do medo, quero superar o medo, quero viver sem medo, ai que medo
que tenho.
O
medo é como um turbilhão de reações perante o desconhecido o sobre algo que se
há receio de enfrentar e essa avalanche de vicissitudes negativas arrasta a
pessoa ao mais profundo de si, não como reflexão personalizada, mas como um
fechar-se na própria situação; o medo é uma doença e como tal deve ser
enfrentado, sem muitos raciocínios ou conjecturas, ou seja, deve ser atacada
com energia e não se deixar prender da um fúlvido dialogo, pois pode fazer
precipitar num poço sem saída e sem possibilidades.
O
medo é uma melancolia de frustrações sofridas ou de não conseguir a meta
pensada, pois o medo é paralisação e refreamento diante de coisas, pessoas ou
situações, reais ou cogitadas, dado que é um estado emocional, psicológico ou
espiritual, que envolve todo o ser e o qual se reflete em todas as suas
dimensões.
O
medo também pode instigar a pessoa a dar saltos qualitativos, isto é, pode
condicionar a pessoa a se lançar em projetos ambiciosos, aos quais não se
aglutinaria sem uma porção forte de medo ou de coragem, pois essas são faces da
mesma moeda; o medo é a ausência da força e da ambição da coragem e a coragem é
o desafiar a própria densidade e jogar-se numa realidade obscura.
O
medo pode ser o motor para um desenvolvimento extraordinário, assim como pode
ser o veiculo de uma vida paralisada, em si é algo neutro, mas que dependendo
do uso que se destina pode ser trazer frutos positivos ou ser somente uma sobra
densa e negativa. O medo pode ser
inculcado por falta de superação de certos prejuízos ou lendas, assim como pode
ser fruto de um disposição da própria pessoa.
A
pessoa sem medo é um pessoa excepcional ou perigosa, pois o medo coloca limites
e faz raciocinar sobre as consequências das próprias ações e a falta de medo
pode levar a atitudes nobres, mas também desastrosas, dado que para se defender
e proteger a pessoa pode combinar atrocidades.
A pessoa medrosa, geralmente insegura e complexada em relação a si
mesma, pode vir a cometer determinados atos excelentes ou monstruosos para
manter a sua incolumidade. O medo é o modo de ser e viver de quem espera sem a
serenidade de quem confia e de quem se sente realizado.
Mergulhar
no mais profundo inferno da condição humana e escavar as motivações e\ou
perplexidades que provocam esse modo de si avizinhar da vida, parece-me uma via
para poder superar as possíveis catástrofes de uma condição vivida de medo e de
espanto. Certamente que vive de medos faz a
triste experiência de máximo distanciamento de si mesmo e dos comuns
projetos de uma pessoa; resta a busca de cura e o entregar-se a situações que
possam ao menos aliviar o devassante efeito do medo.
Penso que
até a experiência religiosa possa ajudar na superação ou na canalização do
medo. Mas somente um Deus desconfortante, como apresentado por Jesus Cristo, ou
seja, um Deus sofredor, martirizado das chagas e das misérias humana poderá
atingir o núcleo de exasperação e transformar o medo em força de superação,
porque Ele oferece a todos os marginalizados e desconcertados de todos os
tempos um verdadeiro abraço que liberta e oferece esperança.
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