DESERTO EM MIM
Quando me
falta o respiro e não tenho vias para sair e quando os desejos
alucinante sofocam as ideias, o melhor remédio é entrar no deserto,
onde sozinho e sem fantasias alucinantes, posso me enfrentar,
mergulhar no meu nada e rastejar nas minhas desaventuras.
Esse
deserto que resseca meu ânimo
e meu futuro, onde não exergo a luz e não sinto o sabor, onde a
amargura e o medo se fazem companheiros e medida, é aqui que me
esqueço de tudo e perco completamente as ilusões,
dado que não posso nem mesmo me enganar.
O amargo da
língua
se estende ao inteiro existir e a insaciável busca de si e de
significado provoca um turbamento que oscila entre a depressão
e a acidez e me lanço em aventuras alucinantes, onde o pensamento é
profícuo
e agudo e as paixões
são violentas e possessivas.
Clamo
por uma serenidade que não se desembarca e insisto em esperar por
uma conclusão que não se
desponta; pobre de mim, ser mortificado e ressecado, que não
encontra a estação das águas e não sente repousar as suas forças.
Neste
deserto alucinante e embriagador, não se acalmam as ambiguidades e
as decepções e os medos de uma escura tempestade estaciona e
paralisa o gosto de vibrar por cada possibilidade de conquista.
Esse
dilacerado terreno de infrutíferas e estéreis imaginações não
faz que provocar uma perplexidade no quotidiano pavor de viver, onde
as minunciosas maquinações de uma mente complexa e arredia não se
submete ao comum e à monotonia da sobrevivência da massa.
Quero
ser eu mesmo, quero ser o que o dinamismo da minha estrutura me chama
a ser, mas encontro somente deserto e pedegrulhos e as estradas se
fecham à minha proximidade, resta-me resistir e vaguear até
encontrar a fonte que mate a minha sede ou perambular até definhar
as energias e me confundir com o pó do mesmo caminho que estou
percorrendo.
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