O DESERTO DA ALMA


DESERTO NA ALMA

Tempo sem respiro e sem horizontes, tempo de espera desesperada e de ansiedade atormentada; é nesse imenso e sufocante espaço que os maus-estares se estacionam e acionam a necessidade de vias e de possibilidades. No deserto onde não existem simulaçoes ou sombras, a alma desvestida de tudo se encontra consigo mesma e na perplexidade de não poder escapar se confronta consigo mesma, querendo espulsar seus demonios e de abraçar suas esperanças.
Aqui falta tudo, desde as mascaras sutis do quotidiano até a profunda necessidade de superar os proprios limites. Sem os refugios e subterfugios, a alma se encontra sozinha, abandonada, desencantada, destinada a lutar contra os proprios medos e desafios e galgar qualquer degrau da propria sobrevivencia; assim, desiludida das ajudas e desvestida de si, precisa percorrer o proprio destino e atingir a agua que desseta e faz brotar flores e frutos.
Esse deserto que atraversa a alma e divide o antes do depois, onde as feras se degladeiam com os anjos, propria nesse retrato de tensao deve ser edificado um belo jardim, que se irriga com as aguas da caridade, que se nutre com os frutos da oraçao e se move com a força da esperança. É no deserto, lugar de perplexidade e necessidade, quando um depois de mergulhar no proprio nada se sente altamente vulneravel, ali na desolaçao que o Senhor envia o seu Espirito: de consolaçao e de perdao, porque ele não olha o passado, mas a coragem que um tem de seguir adiante.

PISA, 26.02.2012

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