Como funciona a Guerra Santa
por Sílvio Anaz
Introdução sobre a Guerra Santa
Guerrear em nome do Todo-Poderoso é algo que surgiu na Antiguidade junto com a crença em um deus único. Na Idade Média, quando o monoteísmo ficou definitivamente na moda, homens de diferentes fés mataram uns aos outros crentes de que estavam ganhando o caminho do céu ao livrar o mundo terreno de infiéis ou hereges. A "guerra santa" é o recurso extremista que as grandes religiões monoteístas têm usado ao longo da História para proteger o que consideram ameaça aos seus dogmas ou aos seus lugares sagrados. Mas ela tem sido também um recurso para estratégias geopolíticas e de expansionismo das civilizações. Na origem das principais "guerras santas" já travadas na História estão o Cristianismo e o Islamismo, as duas maiores religiões monoteístas do planeta.© iStockphoto.com /Ivan-96 Deus arma seu povo para lutar contra os inimigos |
As raízes do conceito de "guerra santa" estão fincadas nos principais livros das duas religiões. No Antigo Testamento - que compõe a primeira parte da Bíblia cristã -, a ocupação da Canaã (região da Palestina) no século 6 antes de Cristo pelos judeus vindos do Egito sob liderança de Moisés, narrada no "Livro de Josué", mostra a conquista da Terra Prometida, com a expulsão dos seus ocupantes, e a divisão dela entre as tribos judaicas. A narrativa enfatiza que a luta pela conquista da Terra Prometida foi feita com a ajuda de Deus, o que a justificou totalmente.
Doze séculos depois da conquista de Canaã pelos judeus, Maomé, fundador do Islamismo, irá definir no Alcorão que um último recurso da "jihad" - obrigação religiosa de todo muçulmano na difusão do Islamismo - é se engajar fisicamente numa guerra contra todos os infiéis e inimigos da fé islâmica. Como para os muçulmanos o Alcorão representa a palavra de Deus (ou Alá, como eles chamam o Todo-Poderoso), lutar contra aqueles que não acreditam no Islã é uma guerra em nome de Deus. Assim como foram as Cruzadas, movimento militar-religioso ocorrido entre os séculos 11 e 13 no qual tropas dos reinos cristão europeus lutaram contra os árabes pelo controle da Terra Santa (região da Palestina) com o objetivo de manter os lugares sagrados do Cristianismo sob o domínio da civilização cristã ocidental.
Para seus defensores, as "guerras santas" são sempre por uma "boa causa", que pode estar justificada em textos sagrados ou em teses desenvolvidas por teólogos e pensadores religiosos, às vezes motivadas por necessidades políticas ou militares de manutenção, expansão ou luta pelo poder. Nos tempos modernos, principalmente no Ocidente cristão, o conceito de "guerra santa" é visto como uma abominação anacrônica, mas nem sempre foi assim. Por outro lado, em muitos países muçulmanos do Oriente Médio, a ideia de "guerra santa" ainda remete a um passado glorioso, a tempos em que o expansionismo árabe e do Islã os levou a ser um dos maiores impérios do mundo.
Um dos muitos fatores que podem explicar essa diferença está na gênese da ideia de guerra santa entre as duas grandes religiões monoteístas. O Cristianismo desenvolveu primeiro o conceito, mas não a partir do que Jesus teria pregado e sim com a "conversão" do Império Romano à crença cristã durante o reinado do imperador Constantino, no século 4, e devido a necessidade do Império defender-se das ameaças dos invasores bárbaros. No Islamismo, que surge dois séculos depois, o conceito de "guerra santa" está presente desde seus primeiros dias de existência, expresso nas palavras de Maomé, seu principal profeta, registradas no Alcorão.
Na próxima página saiba como se desenvolveu o conceito de "guerra santa" no Cristianismo e como ele culminou na aventura das Cruzadas.
Para seus defensores, as "guerras santas" são sempre por uma "boa causa", que pode estar justificada em textos sagrados ou em teses desenvolvidas por teólogos e pensadores religiosos, às vezes motivadas por necessidades políticas ou militares de manutenção, expansão ou luta pelo poder. Nos tempos modernos, principalmente no Ocidente cristão, o conceito de "guerra santa" é visto como uma abominação anacrônica, mas nem sempre foi assim. Por outro lado, em muitos países muçulmanos do Oriente Médio, a ideia de "guerra santa" ainda remete a um passado glorioso, a tempos em que o expansionismo árabe e do Islã os levou a ser um dos maiores impérios do mundo.
Um dos muitos fatores que podem explicar essa diferença está na gênese da ideia de guerra santa entre as duas grandes religiões monoteístas. O Cristianismo desenvolveu primeiro o conceito, mas não a partir do que Jesus teria pregado e sim com a "conversão" do Império Romano à crença cristã durante o reinado do imperador Constantino, no século 4, e devido a necessidade do Império defender-se das ameaças dos invasores bárbaros. No Islamismo, que surge dois séculos depois, o conceito de "guerra santa" está presente desde seus primeiros dias de existência, expresso nas palavras de Maomé, seu principal profeta, registradas no Alcorão.
Na próxima página saiba como se desenvolveu o conceito de "guerra santa" no Cristianismo e como ele culminou na aventura das Cruzadas.
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