Contra
a globalização da indiferença
Por Pe. Jorge Ribeiro
A partir da assertiva que o
Evangelho segundo Lucas evidencia como dinâmica da prática existencial da
Palavra de Deus, que é um convite a perceber no outro, não um estranho ou
adversário, mas um irmão. A Campanha da Fraternidade desse ano 2020 traz como
tema geral algo que a princípio parece descontado, mas que não é bem assim, ou
seja, que a Vida é Dom e Compromisso. Essa chamada de atenção enquadra o lema
proposto, a saber: “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele” (Lc 10, 33-34). É a
página significativa que coloca o Bom Samaritano como encarnação do bem a ser
praticado e que serve de munição e modelo para todos os crentes.
Essa campanha quer ser um antídoto
contra a doença globalizada da indiferença e da falta de cuidado e
responsabilidade em relação ao próximo. O convite é que a globalização da compaixão
e do cuidado supra a tão famigerada globalização da indiferença. Por isso, os
que acreditam no bem, precisam descortinar os olhos e abrir os braços contra
essa doença que se alastra. Assim, as famílias, a igreja, as comunidades, as
pastorais, os grupos e movimentos precisam se transformarem em verdadeiros
hospitais, ou seja, lugar do acolhimento, da compreensão e da cura.
Quem experimenta um amor restaurador
não pode ser egoísta e se esquecer dos outros, mas devem sair da própria comodidade
e fazer da própria vida um bálsamo para o irmão que sofre. Por isso, o olhar de
quem ama é um olhar de compaixão, como o de Jesus, que não maltrata, não condena,
não exclui e nem muito menos é indiferente. O olhar do cristão e de consequência,
de todos que acreditam no bem, deve ser um olhar de acolhimento, de preocupação
e responsabilidade perante o próximo.
Contra a globalização da
indiferença, que passa adiante e não reconhece no outro um irmão, faz necessário
uma conversão e uma purificação para que essa catastrófica realidade seja
transformada, quer dizer, precisa-se de um olhar e de atitudes de solidariedade
social. Essa compaixão significa,
sobretudo, um compromisso com a vida, a sua proteção e cuidado, assim como a exigência
de uma renovação das famílias. Essa nova economia será possível quando vivermos
a nossa relação com o outro como uma relação de igualdade, fraternidade e
solidariedade, isto é, quando tributarmos uma atenção benéfica aos outros, por
meio de um serviço de comunhão e de acompanhamento.
As pessoas andam errantes e na
tentativa de acertar fazem escolhas que acabam por escraviza-las. Não creio que
ninguém queira ser vítima de injustiças, desprezos e maltratos. Deram passos,
talvez sem pensa-los bem, mas que os fizeram cair em situações inumanas e até deploráveis.
Entretanto, essas pessoas não precisam pagar eternamente pelos erros que
cometeram ou pela falta de oportunidades que sempre se debateram, assim que
entra a solidariedade como remédio contra um mentalidade que rotula a desgraça
como “normal”. Quem encontrou o caminho, tem obrigação moral, de ajudar outras
pessoas a encontrarem também, ofertando um sentido às suas vidas que parte do
sentir-se acolhido, amado, cuidado por cada um de nós , para posteriormente se
achegar a fonte de toda compaixão e sentido, Jesus Cristo, Deus em meio à
humanidade. Que nossos corações e nossas
mentes abertos nos levem a abrir nossos abraços para cuidamos de tudo que Deus
coloca diante de nós!
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