Fazer a diferença

Fazer a diferença



Por Pe. Jorge Ribeiro



O que há de comum entre as grandes personalidades, dos diversos âmbitos da vida? Não seria essa capacidade de não se contentar com a mesmice e com o já conquistado? Fazer a diferença é se lançar para além do convencional para poder experimentar a alegria de se ser o que se é e ajudar os outros a se realizarem também.
Fazer diferente para ser diferença não é exibicionismo, mas generosidade e capacidade de ir além do mínimo e perceber as necessidades alheias. É assim que acontece com os santos, os grande estadistas, os prêmios Nobel da história, não se restringem à simples função, mas se doa no que faz e no que se vive. Até no cotidiano da vida familiar, percebe-se as pessoas que são generosas e altruístas e as que se meticulosamente medem seus esforços. Somente que se autodetermina para ir além do convencional pode experimentar a alegria da realização de si e a satisfação dos outros.
Quando as pessoas se limitam a cumprir horários, ordens e funções, elas se robotizam e perdem a sua subjetividade, que é essa capacidade de se surpreender e de surpreender aos outros também. Um dona de casa que experimenta novas receitas, um funcionário atento às necessidades do local de trabalho, um estudante que pesquisa mais do que seja para os exames, um patrão que é sensível e atento às exigências dos funcionários e às novas adaptações para se atualizar.
Fazer a diferença é ter a capacidade de se adaptar. Quem se agarra nas próprias ideias e situações e não se abre ao diálogo e à renovação, tende facilmente a cair no marasmo, na caduquice e se tornar obsoleto. A vida é esse movimento e quem fica parado está destinado à uma morte prematura. Parar significa criar limo, ferrugem e se deteriorar em pó. A alegria e a realização da vida está nessa capacidade de se colocar em cheque, em risco, não se apropriar da possível estabilidade, mas se renovar. Um tesouro pode ser inútil se não colocado à disposição. A que serve dinheiro no banco, se não uso para minha realização? E um diamante escondido, qual sua serventia? Uma luz debaixo de uma cama, a quem ilumina? Assim os dons, carismas e talentos de cada pessoa existem para ser colocados a serviço, para fazer a diferença.
Podemos ver como o fazer a diferença interfere nas coisas do dia-a-dia: Um garçom que serve sorridente, um motorista gentil, um balconista atento, enfim, saber fazer da vida além do trivial, é o segredo das grandes personalidade e de quem realmente é grande. Ter coisas qualquer mesquinho tem, ser generoso, somente quem compreendeu a dinâmica da vida, cada um vale pelo tipo de relação que estabelece. Nada deve ser imposto ou forçado, mas gratuitamente oferecido, isto é, realizar um serviço, até mesmo nobre e divino, mas como se fosse um peso, tira o valor de seu supremo significado. Por exemplo, na educação, quando os mestres se atém a simples transmissão de conteúdos, o processo educativo fica enfadonho e cansativo. Na igreja, quando se insiste numa linguagem e numa estrutura arcaica e ultrapassada, além de não atrair, causa desistência e resistência. A verdade, quando é pesada, não transmite atração. Uma pessoa bonita e arrogante, não conquista simpatizantes.

Fazer a diferença é lançar-se no mar desconhecido da existência e não deixar que o medo atrapalhe a alegria de conhecer novas possibilidades. Quando não se produz mais, quando o cansaço se torna a única expressão de vida, é hora de tomar fôlego e encontrar uma nova estrada. Insistir no que não produz, empurrando com a barriga, é uma doença perigosa, pois além de viver o desânimo ainda se transmite aos outros a própria incapacidade de ser feliz. Fazer a diferença é não se preocupar com o futuro, mas se entregar de modo sincero e generoso ao que se é possível no dia de hoje.

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