Salve Sant’Ana Ditosa

“Salve Sant’Ana Ditosa”


Por Padre Jorge Ribeiro
www.pjribeiro.blogspot.com

“Salve, Sant'Ana ditosa! Salve nossa Padroeira, nosso escudo poderoso, farol brilhante da Feira”.

o Sertanejo é um sentimental. Percebe as coisas muito mais com a emoção e o sentimento que com a razão. Dai as datas relacionadas aos afetos serem celebradas, vividas de forma entusiasmadas. Assim, dias das mães, dos pais, natal e também dia dos avós. Talvez por isso mesmo seja muito sentida e vivenciada no sertão a festa de Sant’Ana. São diversas dioceses, paroquias, comunidades dedicadas aos avós de Jesus. Nem se importa muito os traços ou coerências históricas, o importante é a aproximação que o santo tem da pessoa e essa se sente familiar, parte integrante da caminhada do santo. Não é uma devoção distante e cerebral, mas de comunicação, de intimidade. E com Joaquim e Sant’Ana é assim. Um diálogo entre membros de uma família. Como é do conhecimento geral, celebra-se hoje a Festa de Sant’Ana, “mãe da Mãe de Jesus” e São Joaquim,  os pais daquela que se tornou a Mãe do Filho de Deus, ou seja, dos avós de Jesus, o Filho de Deus encarnado. Ele como parte da raça humana precisa também de uma família, de um vínculo que justifique a sua descendência e origem. Toda a nomenclatura fala de filho, pais, avós, quer dizer, de realidades palpáveis, não de algo calculado ou meramente formal.
Talvez seja por isso, que a partir uma devoção que fugiu de uma aproximação familiar para se tornar algo funcional tem distanciado o povo dos ideais cristãos e a devoção e imitação dos santos tem se tornado apenas um momento religioso na vida das pessoas e não abarca toda sua existência. Celebra-se bem, com rigor e primor, mas não tem muito o sentimento de pertença e intimidade.  É nesses momentos de festa dos santos que falam à realidade familiar e pessoal que se percebe uma maior entrega e certa profundidade na espiritualidade. Faz necessário resgatar o sentido de família, casa e simplicidade na vida cristã.
As celebrações diversas no mundo e, principalmente no serão brasileiro, carrega consigo a lembrança da experiência dos avós, esses duas vezes pais como reza o dito popular. Tanto assim que no calendário, ainda que laico e adverso à religião, segue em geral essa data como momento de recordar  e celebrar os avós.  O hino da festa da Arquidiocese de Feira de Santana, que carrega no nome da cidade e da arquidiocese a denominação de Sant’Ana, proclama “ditosa” Sant’Ana que eleva a feira de tropeiros na maior cidade do interior do sertão brasileiro. Sob a égide da Padroeira, os cristãos dessa terra e de outras com ela, busca a inspiração no silêncio e na perseverança desses santos avós.  Sabe-se pouco, mas independentemente da denotação apócrifa, permite certa compreensão da presença de Deus no meio da humanidade, sua entrada na história do povo e a indicação para que todos participem do Reino do Pai Eterno. Sant’Ana é invocada como mestra, educadora, dado que orientou Maria, sua filha, a futura mãe do Salvador, segundo a tradição e os valores bíblicos e assim permitiu o seu Sim ao chamado de Deus. Jesus encontra nesses avós sua origem terrena, o exemplo e os costumes próprios do seu povo para assim revelar Deus como Pai amoroso e misericordioso de toda a criação. Que são Joaquim e Sant’Ana intercedam por todos nós!

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