Morrer para ter: Que ridiculo!!

Morrer para ter. Que ridículo!



Pe. Jorge Ribeiro


O ser humano não aceita sua incapacidade e suas limitações, quer sempre mostrar que pode mais e que é capaz de.  Por isso em muitos casos usam a religião como ferramenta de engrandecimento pessoal, numa disputa deslavada, mostrando o lado obscuro do amesquinhamento da divindade. Quantas negociações e quantas comercializações em nome da fé. Constrói-se inclusive uma comunidade e uma família em bases suspeitas. Ter a mania de quer ser porta-voz de Deus ou ter a pretensão de que se é mergulhado em Deus. Como a divindade pode estabelecer uma comunicação direta com uma pessoa humana? Fico atônito com tal referencial. Prefiro a ignorância, abraço a ignorância para não cair no ridículo. Deus é Deus não se sujeita aos caprichos humanos e nem se dobra às suas manipulações.
Viver uma religião que não educa desde a raiz e que proíbe mais que orienta causa esquizofrenia espiritual e comportamental. Muita gente fingida, lobos em pele de cordeiros. Viver essa mentira é causa de tanta desorientação, e ai a vida se torna formal e não tem mais espontaneidade que ela deve carregar consigo. Engessar a existência em nome de manipulação moral e religiosa é de uma tremenda falsidade. Por isso não se tem uma verdadeira conversão. Tudo aparência, tudo falso. Exijo e excluo quem não se adequa a determinados padrões ou normas e no meu universo pessoal faço como bem quero. Fala-se de perdão e vive em inimizade dentro de casa. Fala-se de amor e despreza os próprios familiares. Fala-se de caridade e não oferece um pão aos famintos da vida. Elabora-se e prega conduções morais rígidas e se permite fazer o contrário. Onde está Deus nesse processo?
Qual o sentido de ter mais, de construir patrimônios? Acaso vai sobrar tempo para poder desfruta-los? Que ridículo e contraditório: morrer para ter e se esquecer de viver. A felicidade não passa pelos aplausos, nem pelos patrimônios e muito menos pelo reconhecimento. A felicidade é se encontrar consigo mesmo e de consequência com Deus. A religião e nem Deus pode ser usado para alguém se refugiar, para conquistar espaço e muito menos para se enriquecer. A religião é entrega de fé nas mãos do Absoluto, espontânea e gratuitamente e não um amuleto para proteger das maldades e nem instrumento para ascensão pessoal. Deus pode tudo sim, mas Ele é soberano e não é paciente dos nossos caprichos. A razão, se bem usada, deve nos auxiliar nesse realismo da existência.  A razão deve nos ajudar a ser feliz, não justificar coisas para dar satisfação à sociedade. A experiência mostra o quanto nos matamos para demonstrar e esquecemos de viver.  Essa ganância inverte os padrões e os valores, de modo que as prioridades são confundidas. Os bens fundamentais são ignorados e corremos desenfreados pelos supérfluos.  

Não temos alimentação e educação, mas se deve existir a inclusão digital, que contraditório.  Ostenta-se aparelhos de telefone e marcas de roupas e carros, sem o mínimo de condição civilizada. Prefere-se um pagode que a canalização do esgoto. A mídia, os governos, as instituições e muitas igrejas caminham nessa direção, ou seja, trabalha em construir desejos e modos de vida, implantações artificiais.  Despreza-se as coisas simples e comuns e abraça-se o que nem se conhece. O sistema educacional não trabalha para preparar pessoas melhores, mas pessoas de aquisições. A educação não fala em harmonia social, mas de sucesso e vencer na vida. Prepara para competir e não para viver e ser feliz.  Viver é a maior urgência, a maior perfeição  e deve ser a maior prioridade, todo o resto pode ser buscado, mas sem a destruição da serenidade e espontaneidade do existir no mundo em abertura ao infinito. Viver deve ser um prazer e não uma obrigação!

2 comentários:

Jefferson Lindner disse...

Minha verdade: "Procure o reino de Deus e tudo será acrescentado..." Grato padre Jorge pela sinalização do caminho, necessita sempre ser reforçado na estrada da vida rumo ao Pai.

PE. JORGE RIBEIRO disse...

A vida é cheia de imprevistos, cada instante é supremo!

Pra se pensar ....

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