É sempre
mais noite‼!
Por padre
Jorge Ribeiro
Não se torna cada
vez mais noite? E, sempre mais noite? (Nietzsche). Essa constatação do
poeta-filósofo é a contemplação do crepúsculo dos ideais e valores que no
ocidente, e não somente, estão caminhando para uma total derrocada. O desespero
de quem se percebe aviltado e sugado por tantas forças desconhecidas que
invadem e evadem o horizonte de estabilidade de anos e anos de construções de
uma civilização que se pretendia
homogênea e perene. É sempre mais
noite! É o grito do absurdo que se instala em um futuro cada vez mais incerto e
reticente, e o que resta? O sopro do
vazio que de delineia como possibilidade errante de um caminho a perfazer, mas
que caminho? O que resta são fragmentos, algumas apostas e muitos destroços. Não
temos mais deuses, não temos devoção, não temos mais profetas e nem oráculos.
Temos ainda alguns templos que angariam perambulantes que resistem em seus
sonhos e não se deixam levar pela correnteza das novidades. É sempre noite pois
o medo de não ser o que se pretende ser é cada vez mais evidente. Poderia se
pensar que a verdade vai libertar dessa escuridão. Mas que verdade? Não se
adere mais a nenhuma verdade, aliás, o conceito de verdade passa por um
esvaziamento. O que as máscaras encobrem desse prelúdio não é o vazio da falta de sentido, mas a
falta de sentido do próprio sentido. Uma nuvem densa de relativismos encobrem
as atmosferas do pensar e do agir e as pessoas se digladiam por vis interesses.
Os sepulcros lacrados por anos de hipocrisia se abriram manifestando toda sua podridão
e ausência, somente angústia, desespero, violência nos atingem. Tomara que
ainda permaneça um possível raiar, pois
antes do amanhecer o céu fica mais escuro (prov. Arabe), pois é sempre noite antes do amanhecer. Essa
escuridão longa, quando se terminar de atravessar, caso haja uma aurora, não
mais nos reconheceremos, pois nos perdemos na noite e apenas os zumbidos são
reais, pois viver se tornou cansativo.
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