Ser da Caatinga
Ser da caatinga: ser gente, ser forte, ser abandonado,
ser eu
Ventos uivantes: tempestades carentes e terrenos
arredios
Sorrisos amargurados: inclinação robusta e gemidos
retorcidos
Convivência brejeira: riqueza de espécies e desertos desgarrados
Sentimentos arraigados: consideração de pedregulhos e
leveza
Ser da caatinga: ser da roçado, ser solitário, ser contrário
e contrariado.
Espinhos dilacerantes: agudos olhares e mãos fragilizadas
Vegetação rameira: linguagem aberta e almas generosas
Gente sofrida: gritos desafiadores e lenços estépicos
Sol escaldante: raízes profundas e águas carrascas
Ser da caatinga: ser inexorável, ser nordestino, ser
arretado e aconchegante
Alma desmatada: degradação dos costumes e escassez dos
celeiros
Futuro indeterminado: sutileza do mandacaru e das
bromélias
Substratos rochosos: olhares ciprestes e esperança
árida
Raça ameaçada: desejos emblemáticos e resignação incomum
Ser da caatinga: esmo da interação e desafio da sensibilidade.
Jorge Ribeiro
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