Qual o teor da nossa vida?

LEITURAS: UMA reflexão SOBRE O TEOR DA VIDA  




Com o tempo tudo vira pó.  É triste quem leva a vida muito a sério. Isso aqui é uma ironia. A vida brinca e desafia a nossa vaidosa e irrisória pretensão de encontrar um nexo nas coisas. Só no delírio pode se entender esse país e só sendo louco pra entender a vida! Mas quem busca certezas e razões acabará por entrar em colapso. Só sendo desajustado para entender todas essa confusão despontada.
Essa descontinuidade desdobrada de ser você mesmo e outros personagens, que esquisofrênico é querer que tudo caminhe de modo sistematizado. Melhor ser heterodoxo e poder conviver com esse turbilhão de efemeridades que tentar encontrar um valor e terminar por se perder em estradas que não se sabe onde vai desembocar.
E como me situo dentro desse emaranhado de papéis e de realidades? Como todo mundo, mesmo os que não admitem: um bobo da corte ou como um fantoche. Cada um faz o seu sentido? Isso é arroubo psicológico ou terapia de auto superação, o que permanece é o descolorido de um amanhã e a luta para se ter maiores vantagens.
Que fantasia essa de conhecer mundos e pessoas, talvez essa seja a minha janela para uma existência menos aborrecida e seguir achando que a história na qual faço parte tem algo além da ansiedade e das incertezas!! As coisas vem atropelando e vamos nos esquivando ou optando por outras e isso provoca a sensação que somos senhores da nossa história e que nos reconhecemos nessa tentativa de autoconstrução. Puro engano! Toda tentativa  apenas favorece um ilusório ambiente mais próximo do que queremos, mas não passa duma narrativa de egos destroçados que se presta a compreender o que sucede. Cada vez que nos elucidamos mais, logo vemos ainda mais a nossa dependência de algo que não conhecemos e não sabemos explicar. A fé reforça essa dependência de Ser Absoluto, quando a Liberdade que se pretende absoluta procura encontrar explicação em si mesma. Tentativas vãs, pois diante de tais reticências, ou nos submetemos ou nos revoltamos. Meio termo? Ficar com a consciência enublada?
O que nos cansa é toda essa engrenagem de mentiras, desalentos e decepção. É um esforço memorável da religião, da ciência e de muitos outros seguimentos de oferecer uma configuração plausível ao que simplesmente está ai. Quem decide são sempre os outros! Tanta basbaquice e tanta mediocridade na desenfreada tentativa de driblar o inevitável, a caduquice do existir. Construímos um enredo e nos colocamos dentro e acreditamos que viver seja fruto de um emaranhado de leituras!

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