O seco da
seca
Debruço meu olhar lânguido sobre esse sertão cinzento
O horizonte se descortina bastante desolado e cabisbaixo
Lacrimejo e suspiro na esperançosa proliferação das chuvas
A seca carrega consigo o seco do sofrimento e das lamúrias
Rememoro as pastagens verdejantes e frutuosas de outrora
E assim misturo a poeira com o suor e a tristeza da sequidão
A terra morrendo e o semblante se desfigurando nesses ares tórridos
Não cabe espaço nem para lamentações e nem para amarguras
O coração sertanejo almeja na sua fé dias molhados e saltitantes
A alma se esvazia e os passos se esquadrinham pesadamente
O seco da seca é a ausência revoltante e a barbárie que se impera
A busca e o desejo se entrecruzam na indeterminação da dor
E essa anatomia do absurdo se traduz em peregrinação.
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