Suicidio: coragem ou covardia?

Suicídio: questionamentos e interpolações



O que é o suicídio? Qual a sua razão? O que leva uma pessoa a optar por essa saída? Os constrangimentos e os sofrimentos podem justificar tal ato? As circunstancias podem amenizar a sua realização? Fenômeno humano sim, com interferências em vários campos do saber e da existência.  Sabe-se que o suicídio é resultado de um desenvolvimento especifico, seja ele intrapsíquico, quanto cultural, social e religioso. As causas podem ser tantas, mas são suficientes para o sacrifício da própria vida? As circunstancias tem esse poder de se imporem sobre as decisões das pessoas? Quem decide pelo suicídio está pensando numa definitiva cessação do problema.
Seria o suicídio a solução? Aqui vemos a complexidade da situação. Eliminando a si próprio o que causa problema seria extirpado ou apenas se transferiria de pessoas? Não seria voltar as costas para as dificuldades e deixar aos outros o peso da sua autodestruição? Assim sendo, seria um ato egoísta ou a eliminação de um problema? Configura-se assim como desfalecimento da própria condição existencial e falimento das tentativas de sanar.
Desintegração social ou herança de muitos fatores? É o individuo que não se encontra e, exasperando-se, lança-se numa situação extrema ou são acordes de sua estrutura pessoal, provinda de sua descendência que impulsiona a não se achar consigo e com os outros, empurrando a um desfazer-se completamente? Situações conflituosas desfavoráveis.
Destas interpolações, surge, quase naturalmente uma questão: Qual a relação ente introspecção e autodestruição? É o individuo que sendo muito ensimesmado cai num exacerbado fechamento e acaba por buscar meios que venham a diminuir sua existência e, dessa maneira, chegar a vir menos ou a autodestruição é imediata, não percorrendo essa variedade de disfarces a partir de dentro? O individuo mais recluso é mais propenso à agressividade e a autodestruição ou não existe uma relação causal nessas perspectivas? A autodestruição ativa acontece quando a pessoa busca meios explícitos para ir se deteriorando, mas também tem a autodestruição passiva, na qual a pessoa se lança em situações perigosas, na possibilidade maior que aconteça uma tragédia e assim sua destruição comece a ser praticada. Quem escolhe uma profissão de alto-risco é por pura aventura ou germe de autodestruição?
Por que reações agressivas e instinto de morte? O que leva as pessoas a não se conterem ou provocarem reações dos outros? É o simples senso de reinvindicação ou instinto agressivo que leva alguém agredir um outro? E o instinto de desagregar, desarticular e machucar são indícios de vontade suicida? Essas Frustrações, turbamentos que todos experimentamos, caso levadas ao extremos ou vivenciadas de modo inadequado podem levar ao pensamento ou instinto de morte?
Existem síndromes pre-suicidas? A pergunta é se tem pessoas predispostas ao suicídio ou auto destruição ou isso é algo que se adquire com a convivências e experiências? Em outras palavras, se nas pessoa existem ou podem existir estruturas morbosas capazes de induzir ao suicídio ou são realidades adquiridas?  O suicídio é uma decisão consciente da pessoa ou um salto no escuro? O individuo que alimenta instintos de morte é porque não se sente feliz, realizado ou porque se sente deslocado ou quer se livrar do peso que a própria vida lhe impôs?
Dito isso, o passo que cabe refletir é se o suicídio é uma decisão ou alienação? A depressão endógena é capaz de conduzir ao suicídio? Como conviver e enfrentar as  contradições, as distorções e as deformações? Até que ponto essas variantes do estado vivencial da pessoa seja motores de uma atitude suicida ou de gestos ambíguos que provocam a morte? A pessoa quando se fixa na ideia da morte própria, sem querer subterfúgios ou paliativos está realmente decidida a dar fim na própria existência ou ela se refugia nessa ideia para poder escapar das desavenças na qual se encontra? E quando a própria permanência é um peso, a decisão pelo suicídio, assistido ou não, é um passo decisório, é um ato ambíguo de arrogância egoísta ou um desejo social de liberação?
Quais as fantasias suicidas mais comuns? O que passa numa mente suicida? Gesto e ações discretas que ponham fim no seu existir “no”, “com” e “para” ou acompanha esses atos fantasias espetaculares e precisam de uma reinvindicação plausível para se atualizar? O suicídio é um ato meramente pessoal ou é de responsabilidade social? Os impulsos internos de destruição são provocados como contrapartida de uma positividade negada ou de uma negatividade permanente ou é algo que os próprios estímulos vitais da pessoa a destinam?
Esses fragmentos faz evidente outras perguntas: Como se encaixam as predisposições ao suicídio? São genes que acompanham a estrutura emocional – psicológica da pessoa ou são aquisições sociais, culturais? Entrariam essas predisposições nos diferentes traumas que a pessoa possa ser vivido?  Qual o lugar dos instintos na permissão e na vivencia de atitudes suicidas? A mortificação como aniquilação entraria nessa dinâmica de negação de si e abandono no precipício existencial? Onde se encaixa a revolta contra si mesmo? É uma não aceitação ou vingança contra algo que não suporta mais?
A ação suicida é resultado de uma crise narcisista? É a proteção do próprio eu? O suicídio seria uma fuga da degeneração do próprio ego? O desejo de fuga é uma forma de colapso suicida contra determinadas situações? Essa evasão do próprio mundo em mundos paralelos ou fictícios não seria uma aberração no campo suicida? Novamente se registra a questão do por que do suicídio: seria  punição? Talvez vingança? E se a causa for o despeito? Mas também pode se caracterizar como confiança nos próprios valores que se vendo desfalecer opta por um modo radical de finalizar.
O suicídio aparece também como reelaboração dos conflitos, como maneira de encarar ou tripudiar dos sofrimentos. O ato que leva o individuo a buscar a morte pode ser sinal do índice de intolerância com os próprios limites. Os modos de reações prematuros se evidenciam como mecanismos de falimento e busca desenfreada de compensação. Esse comportamento revela a negação do que se é, coisa provinda da própria idealização: a busca do eu ideal e o sistema do superego que conduz o modo de ser e viver, e quando não alcançado desemboca num colapso, numa derrocada obscura que se traduz em nadificação ou vazio. Muitos dos que se suicidam são resquícios da inibição da agressividade, dado que todos possuímos a agressividade em certo grau e quando a pessoa a inibe completamente ou não lhe permite esvair pode se deslanchar numa válvula suicida. As pessoas que se suicidam ou tentam o suicídio, geralmente denotam certa ambivalência de sentimentos, são inadequadas a si mesmas, isto é, são de personalidade insegura.
Outra coisa que se percebe nas atitudes ou pessoas suicidas são as dificuldades nas relações interpessoais. Geralmente se sentem deslocadas, marginalizadas, ignoradas e por isso mesmo encontram espaço para forjar ou criar estratégias de reação contra o ambiente e contra si. Quando a pessoa não se sente parte, quer se ausentar e o suicídio é uma porta de saída. Outras vezes o suicida se sente sufocado então não somente decide se libertar do ambiente que lhe faz mal, mas também elimina os possíveis focos de sua desintegração. Mas quando a pessoa não sente gosto pela vida, despedir-se dessa vida é um ato de coragem ou covardia? As pessoas que se entregam por um ideal, por nobre que seja, não são pessoas suicidas também? Os famosos heróis que se entregaram para salvar um povo, uma ideologia ou alguém não seriam eles também suicidas? Os que se entregam aos vícios dilacerantes não são suicidas? E os que não encontram sentido na própria vida não seria absurdo continuar vivendo? O ato suicida se estaciona entre um grito de libertação, um gesto de coragem ou um a atitude covarde, mas em todas as opções



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