Ser indiferente

Ser indiferente


Com a famosa frase do norte americano Luther King: "O que me assusta não são as ações e os gritos das pessoas más, mas a indiferença e o silêncio das pessoas boas" (Martin Luther King), proponho aqui uma pequena reflexão sobre esse comportamento que tanto incomoda e que é cada vez mais aplicado nos relacionamentos corriqueiros: a indiferença.
A indiferença é a indecência da humanidade ou a essência da desumanidade, pois significa falta de reconhecimento da dignidade, do valor e da presença do outro. A indiferença perante os semelhantes ou para com os necessitados é o pior dos crimes que se pode cometer, porque é se ensurdecer perante os gritos da própria condição. Somos todos mendigos ou carentes de alguma coisa e a indiferença não nos faz superiores, mas nos coloca na dimensão de miseráveis, pois além de necessitados nos faz soberbos e renegados da própria essência de seres incompletos e por muitas vezes indigentes. A maior revolta que se pode ter é quando alguém nega a sua raça e sua identidade, e em nome de manter a boa fama, trata com desprezo e ignora o outro. Em nome da ingratidão  sofrida, das dores doídas e dos afetos recusados, justificamos e pregamos a indiferença como forma de defesa, mas se trata de assassinar o outro, porque não se importa com o que esse passa ou sofre, apenas queremos proteger a nossa pele. A indiferença é o câncer que alastra a humanidade, fruto de quem constrói as próprias verdades e é incapaz de experimentar a força e o calor transformadores do amor. A indiferença não é o escárnio dos fortes, mas a fragilidade dos desperançosos e dos medrosos, a falta de eclosão do ódio sobre si mesmo. 

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