[...] Devemos [...] perguntar de um modo mais radical e fundamental que atitude é essa que se manifesta na afirmação de que a existência cristã se exprime, em primeiro lugar e antes de tudo, no verbo «creio», definindo com isso - o que não é nada evidente - que o âmago do cristianismo consiste no facto de ele ser uma «fé». Sem pensar muito, pressupomos geralmente que «religião» e «fé» são a mesma coisa, de modo que qualquer religião pode ser chamada também «fé». Mas essa conclusão só se aplica em sentido muito restrito; em muitos casos, as outras religiões costumam assumir designações diferentes que realçam outros aspectos. O Antigo Testamento, no seu todo, não era entendido como uma ««fé», mas sim como «lei». Ele é em primeiro lugar uma ordem de vida, na qual, no entanto, o acto da fé adquire uma importância cada vez maior. A religiosidade romana, por sua vez, entendeu por religio sobretudo a observância de determinadas formas e praxes rituais. Para ela, não era decisivo que se fizesse um acto de fé em termos sobrenaturais; tal acto poderia mesmo faltar por completo, sem que isso constituísse uma infidelidade à religião: tratando-se basicamente de um sistema de ritos, era natural que a observância cuidadosa desses ritos constituísse o seu elemento decisivo. Poderíamos analisar sob este aspecto toda a história das religiões. Mas o exemplo apresentado já é suficiente para mostrar que não é assim tão evidente que a existência cristã encontre a sua expressão central na palavra «credo», a ponto de designar por meio dela a sua posição frente ao real como atitude de fé. Mas, com isso, a nossa pergunta torna-se ainda mais insistente: que atitude se exprime por meio desta palavra? E mais: porque é tão difícil o nosso eu pessoal associar-se a esse «creio»? Porque nos parece quase impossível transportar o nosso eu actual - cada um o seu, que é distinto do eu do outro - para dentro dessa identificação com o eu predeterminado e preformulado há gerações que faz parte do «eu creio»?
Cfr. Ratzinger Joseph, Introduçao ao Cristianismo, Princiapia
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